Redação (10/02/2009)- Os futuros de milho no mercado de Chicago fecharam em alta seguindo a escalada da soja frente às novas reduções das estimativas de colheita da Argentina e do Brasil. As notícias sobre a ocorrência de chuvas esteve relacionada a uma queda neste mercado, de 374,6 dólares por tonelada em 21/01 até 347,4 em 03/02. As notícias posteriores e os informativos de fontes diversas voltaram a destacar diminuição das chuvas e reduções na safra desta região.
A Argentina está sofrendo a pior seca em mais de 40 anos, que destruiu cultivos e provocou a morte de grande quantidade do seu gado. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a produção da oleaginosa poderia ter queda de até 25% em relação ao ciclo passado, e a de milho até 40%, enquanto que a colheita do trigo já seria a menor dos últimos 20 anos. Os danos já ocorridos nos cultivos do Brasil e da Argentina impulsionaram os preços, e as previsões estendidas para o outono não são favoráveis.
A cotação da oleaginosa local voltou a mostrar melhoras conforme o mercado externo de referência. As fábricas na zona de Rosario pagaram de 910 a 930 pesos por tonelada da oleaginosa com descarga imediata. Já para a soja com entrega em maio de 2009, os preços subiram 10 dólares e para esta zona foram oferecidos 235 a 245 dólares por tonelada.
Um fator detonante foi a estimativa do delegado da USDA no país sobre a soja da Argentina no ciclo 2008/2009. Estimou que chegasse a 42,5 milhões de toneladas, pela queda da área plantada e menor rendimento. Outros informativos começaram a reconhecer quedas importantes nas estimativas desta colheita.
Com a queda da produção de soja, o complexo de óleo da Argentina será afetado. O Informativo da USDA de janeiro projetou um moinho de 34 milhões de toneladas, e com essa capacidade, as azeiteiras trabalhariam com menos de 70%.
Segundo o IEE da Sociedade Rural Argentina , a safra global de grãos será de 20 milhões de toneladas a menos que no ciclo anterior e os produtores terão uma queda nos lucros de 21 bilhões de pesos, equivalente a compra de 90.000 tratores. Os produtores deixaram de ganhar 5,9 bilhões de dólares, montante levemente superior aos 5,726 bilhões de estimativas do pagamento de retenções.
Atribui-se essa diminuição às perdas da produção e a queda dos preços das commodities nos mercados mundiais. A área semeada em 2008/2009 seria de 30,6 milhões de hectares, com um rendimento médio de grãos de 2.684 Kg/ha. Foi estimado um valor médio de colheita de 661 pesos por tonelada. Com uma produção total de 75,4 milhões de toneladas, o valor da safra seria de 49,875 bilhões de pesos.
A queda seria de 21% em relação ao ciclo anterior, com uma produção de 94,9 milhões de toneladas e um valor de 70,841 bilhões de pesos, 30% superior às projeções para o ciclo atual. No ano passado foram colhidos 29,7 milhões de hectares com um rendimento médio de grãos de 3.198 Kg/ha, e um preço médio de 746 pesos por tonelada.
As previsões sobre a campanha agrícola significariam quebras nas empresas rurais e no sistema de serviços. O retrocesso nos níveis de produção chagaria ao do ciclo 2005/06, com um considerável efeito multiplicador no setor. Com por exemplo, 20 milhões de toneladas a menos significariam uma queda de 1,3 milhões de viagens de caminhão.
A repercussão na cadeia de transporte significa uma menor demanda de combustível, de pneus, de óleo, de produtos e serviços no transporte de grãos. Frente a este panorama, a pergunta relevante é que com qual capital de investimento e de trabalho se poderá contar para a próxima campanha. Outra interrogação é se as quedas no setor agrícola e a perda de lucros global não afetarão o nível de crescimento do país e os níveis de emprego.
O cenário para 2009 seria de uma importante queda de investimento, consumo, geração de emprego e redução na geração de divisas, o qual resultará em uma perda da atividade econômica global. O setor público, em todos os níveis, verificará uma menor arrecadação fiscal.
Em resumo, um panorama econômico complicado que hoje parece previsível, requer ao menos do ponto de vista de financiamento oficial eou privado, um apoio importante para 2009/2010, em harmonia com o apoio ao setor rural.