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Safra

Perdas no Ceará

Safra de grãos cearense registra 2ª maior perda em 15 anos. Ante previsão de julho, a queda é de 5,36%.

Perdas no Ceará

A safra cearense de grãos registrou em agosto a segunda maior perda de produção dos últimos 15 anos, ficando a frente somente de 1998, ano precedido pela forte seca iniciada em 1997. Considerando o valor total da safra do referido mês, que soma 343.958 toneladas, a maior queda, de 74,99%, ocorreu em relação à estimativa traçada em janeiro deste ano. Na comparação com agosto de 2009, a safra foi 56,17% menor. Por último, traçando um paralelo com o mês anterior (julho/2010), a queda foi de 5,36%.

Os dados são do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) referente ao período de 16 de julho a 15 de agosto de 2010. Conforme o estudo, que pesquisa o desempenho de 46 produtos – entre cereais, leguminosas, oleaginosas, frutas, raízes, etc – houve alteração na estimativa de 17 deles, sendo 15 apresentaram decréscimo e apenas dois mostraram incremento. Variaram positivamente o feijão-de-corda de segunda safra (Vigna) e a ata (pinha).

Os produtos que registraram queda na produção são milho (grão), amendoim, arroz de sequeiro, batata-doce, fava, feijão de arranca de primeira safra (Phaseollus), feijão-de-corda de primeira safra (Vigna), girassol, sorgo granífero, cana-de-açúcar, mamona, mandioca, algodão arbóreo, graviola, maracujá e uva.

De acordo com Regina Feitosa, secretária do Gcea-CE (Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias do Ceará), nessa época do ano, a safra de grãos já está no fim e, portanto, praticamente definida. Segundo ela, o ano de 2010 se revela como um dos mais críticos para as lavouras cearenses, devido a falta de precipitação pluviométrica. “A safra deste ano só não é menor do que a de 1998. Isso porque apesar da falta de chuvas, ainda há umidade no solo, ao contrário de 1998”.

O impacto da falta de chuva atinge diretamente a produção agrícola. O reflexo é mais contundente para o milho, que é o carro-chefe da safra cearense. A participação do produto na produção total de grãos, que tradicionalmente é superior a 65%, decresceu para 52%. “O milho é muito vulnerável à falta de chuvas. E a estiagem ocorreu exatamente na época em que os grãos de milho estão enchendo. As poucas espigas que se formaram ficaram com os grãos murchos ou com falhas”, observa Regina Feitosa.

O milho (grão) já apresenta uma redução de 80,79% em relação à primeira estimativa (912,287 t), passando a uma produção estimada de 175.249 toneladas. A safra 2010 deste cereal será 67,20% menor que a safra 2009.

Menos vulnerável à falta de água, o feijão-de-corda de primeira safra (Vigna), que geralmente participa com 22%, representa 20% do total de grãos produzidos em solo cearense na safra de 2010. A estimativa foi 77,40% menor que o esperado no início do ano e 39,25% inferior a safra 2009, ano em que houve excesso de chuvas e esta leguminosa é muito vulnerável ao excesso de umidade.

Já o arroz total, englobando o sequeiro e o irrigado, que costuma a participar com 7% dos grãos produzidos em cada safra, ampliou este ano sua participação para 20%, devido ao peso do arroz irrigado. No caso do arroz de sequeiro, houve redução, comparando-se ao início do ano, de 75,67%, e de 73,16% em relação à safra passada.

Cereais

No grupo dos cereais, leguminosas e oleaginosas, segundo Regina Feitosa, os destaques dessa safra são a mamona e o girassol – ambos matérias-primas para a produção nacional de Biodiesel. “Agora que começa a colheita da mamona, mas já sabemos que a tendência desse produto é de queda. Quanto ao girassol esse é o segundo ano em que a cultura não logra êxito no Ceará. Teremos uma perda grande”, prevê. Sobre a mamona, em que a produção já colhida atinge 18,65% do esperado, mostra sinais de que haverá uma perda maior.

O feijão-de-corda de segunda safra (Vigna), que variou positivamente em relação à expectativa inicial, caiu 10,76% na comparação da área efetivamente plantada em 2010 e 2009.

O amendoim, também cultivado sob condições de sequeiro, acumula perda de 74,13%, comparado à produção esperada inicialmente, e de 64,40%, em relação à safra passada.

A fava, que ainda está sendo colhida, apresenta perda de 9,46%, ante o primeiro prognóstico e de 5,01%, frente à safra 2009. O decréscimo foi observado no município de Pereiro.

O algodão arbóreo, que já vem sendo bem reduzido no estado do Ceará, declina mais ainda, decrescendo 52,78% tanto em relação ao esperado no início do ano como em relação à safra 2009, devido à exclusão deste produto em Groaíras.

Frutas

Dos 16 produtos, que compõem esse grupo, apenas a ata (pinha) variou positivamente, devido à inclusão no município de Limoeiro do Norte. Os produtos que variaram negativamente foram a graviola, maracujá e uva. A graviola apresentou redução no município de Canindé. Maracujá e uva, no município de Iguatu. Em todos estes casos, o rendimento estava superestimado.

Como resultado, espera-se uma produção de 924.616 toneladas de frutas frescas, decrescendo 0,01% em relação ao mês anterior (924.720 t); 5,99% em relação ao primeiro prognóstico (983.479 t), efetuado em janeiro, e 2,67% em relação à safra de frutas frescas efetivamente obtida em 2009 (949.967 t).

O abacaxi não apresenta modificação em relação ao mês anterior, mantendo a possibilidade de ser colhida a safra estimada em 9.390 mil frutos, recuo de 46,60% ante produção obtida em 2009 (17.585 mil frutos).