Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Agroenergia

Petrobras acelera avanço em biocombustíveis

Estatal vai apressar compra de participação em usinas de etanol e elevar investimentos em biodiesel.

A Petrobras Biocombustível (PBio) está pronta para ampliar sua presença nos mercados de etanol e de biodiesel no País. A empresa decidiu acelerar a compra de participação em novas usinas de etanol e elevar aportes em unidades próprias de biodiesel, informou o presidente do conselho de administração da PBio, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, ao Valor.

A empresa prevê ocupar uma fatia de 20% do mercado de etanol por meio de participação acionária e liderar em biodiesel com 25% da produção nacional. “Vamos avançar rápido e comprar participação em outras empresas de etanol. Vamos comprar 49% das ações e fazer a gestão compartilhada”, afirmou Cassel.

O planejamento da PBio inclui gerir as áreas de finanças, administração ou logística das novas aquisições para “dominar e apropriar-se da tecnologia” desenvolvida pelas parceiras. “É um setor de alta complexidade para nós. Mas já somos uma empresona do setor, estamos grandes em etanol e biodiesel e já mudamos esses mercados”, disse. “Vamos trabalhar no vermelho por três a cinco anos, mas depois disso teremos um lucrinho”.

Em maio, a PBio anunciou a compra de participação na Açúcar Guarani, controlada pela francesa Tereos. Nos próximos cinco anos, a empresa investirá R$ 1,6 bilhão na Guarani, que processa 16 milhões de toneladas de cana por safra. “Já estamos no coração do setor com a Guarani e já estamos aprendendo muito”, declarou o ministro.

A subsidiária integral da gigante brasileira do petróleo começou a investir pesado em etanol no fim de 2009 com a compra de 40,4% da ações da usina Total, de Bambuí (MG), por R$ 150 milhões. Até então, negociava adquirir parte da usina Itarumã (GO) em parceria com a japonesa Mitsui. A opção pelo etanol busca “equilibrar” o jogo com o interesse de grupos multinacionais no setor e evitar o domínio absoluto do capital estrangeiro em usinas brasileiras. “A presença da Petrobras equilibra um pouco as coisas”, avaliou Cassel.

Nas diretrizes da PBio, comandada pelo ex-ministro Miguel Rossetto, estão pesados investimentos de US$ 530 milhões em pesquisas de biocombustíveis até 2014. A empresa já domina a tecnologia do biodiesel de mamona e banca pesquisas para adequar outras matérias-primas às exigências técnicas. “Percebemos que o biodiesel estará na matriz energética do futuro. Por isso, vamos estabilizar o programa”, acrescentou.

A empresa se esforça para estimular e organizar a produção familiar. Fez acordo com o Banco do Brasil para avalizar financiamentos, transferir pacote tecnológico integrado de insumos e assegurar a compra da matéria-prima.

Em 2009, firmou convênio com o BB para avalizar R$ 90 milhões a 60 mil produtores de mamona, soja e girassol de Minas Gerais, Ceará, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Bahia e Sergipe. A produção, que deve ser ampliada para 120 mil hectares nessas áreas, abastecerá as usinas de Quixadá (CE), Candeias (BA) e Montes Claros (MG). Uma delas já dobrará sua capacidade de processamento.

No ano passado, a PBio também adquiriu metade das ações da usina de biodiesel BSBios, de Marialva (PR), por R$ 55 milhões. “Estamos fazendo uma inclusão bem feita, de Primeiro Mundo”, disse Cassel.