Redação (28/11/2007)- O PIB do agronegócio brasileiro acumulou taxa de crescimento de 3,73% até agosto, segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP).
Os dados, divulgados hoje (28/11) pela superintendência técnica da CNA confirmam as expectativas de um crescimento equilibrado entre agricultura e pecuária este ano. Explicam este comportamento a melhora no segmento industrial do café e de processamento vegetal, na área da agricultura, e os bons resultados da indústria de abates e de lácteos, na área da pecuária.
A produção primária dentro da porteira da fazenda reduziu seu ritmo de expansão em agosto, de 1,41% para 1,22%, mas continua registrando crescimento de 6,55% no acumulado do ano. Embora tenha desacelerado em agosto, o segmento pecuário continua liderando o bom desempenho do setor, com aumento de 1,25% em agosto e crescimento acumulado no ano de 7,07%.
“Frangos e leite são os principais responsáveis por este resultado em agosto, tanto pelo aumento da produção como pelos preços internacionais favoráveis”, explicou o superintendente da CNA, Ricardo Cotta Ferreira. No entanto, segundo ele, “estes números ainda não revelam os efeitos do aumento recente do preço da arroba bovina e a queda no preço do leite pela entrada da safra e a crise de qualidade”.
A boa performance do algodão, milho, soja, trigo e cana-de-açúcar respondem pelo crescimento de 1,27% do PIB da agricultura até agosto, quando registrou aumento de 1,21%, repetindo comportamento do mês anterior. Milho e soja apresentaram expressivos aumentos de volume de produção e de preços, enquanto o algodão teve grande expansão na produção e pequena queda de preço. A cana-de-açúcar registrou aumento no volume de produção, enquanto o trigo teve significativa elevação de preço.
O segmento de insumos agropecuários continua apresentando resultado positivo, especialmente os insumos para a agricultura, que acumulam taxa de crescimento de 8,12% no ano. “As boas perspectivas para o setor agrícola aqueceram o mercado de insumos”, explicou Ricardo Cotta. Os insumos pecuários atingiram taxa de crescimento de 5,5% até agosto.
Faturamento
Saldo da balança cresceu 226,7% em oito anos
As exportações brasileiras do agronegócio deverão chegar a US$ 57,0 bilhões em 2007, com aumento de 15,4% em relação ao total exportado de US$ 49,4 bilhões no ano passado. A projeção é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que aponta os setores de carnes e do complexo soja como os principais responsáveis pelo saldo favorável da balança comercial da agropecuária. O saldo final da balança projeta um saldo de US$ 48,4 bilhões, com aumento de 13,3% em relação ao ano passado, de US$ 42,7 bilhões.
Desde o ano 2000, os indicadores da balança comercial do agronegócio vêm repetindo recordes: as exportações cresceram 176% e as importações 46,6%. “O crescimento mais acelerado das exportações resultou no incremento de 226,7% do saldo comercial”, afirmou o assessor técnico da Comissão Nacional de Comércio Exterior, Antônio Donizeti Beraldo.
O conjunto das carnes registrou crescimento de 31,1% nas exportações de janeiro a outubro deste ano, devido aos aumentos de 18,0% no volume exportado e de 11,1% nos preços internacionais, totalizando US$ 9,16 bilhões. O crescimento mais expressivo ocorreu no segmento da carne de frango, cujas exportações aumentaram 44,8%, somando US$ 3,72 bilhões no período. Para Donizeti, “em 2007, as exportações de carne de frango deverão superar as exportações de carne bovina”.
Segundo o assessor técnico, este bom desempenho se deve tanto ao aumento de 19,0% do volume exportado, como da elevação de 21,7% dos preços internacionais pagos pelo produto.
Quanto ao complexo soja, as exportações bateram novo recorde, com aumento de 22,7%, totalizando US$ 10,17 bilhões. Donizeti estima que “a soja continuará sendo o principal item da pauta exportadora do agronegócio no ano que vem”. Contribuiu para esse desempenho o aumento da demanda mundial pelo produto, que elevou em 24,6% os preços internacionais. A colheita de uma safra recorde de 57,55 bilhões de toneladas, 7,8% maior do que a anterior, garantiu a liderança brasileira no setor.
As estimativas da CNA indicam, também, que o milho passará a ser um item representativo da pauta exportadora da agricultura nacional. O aumento do consumo interno de milho nos Estados Unidos para a produção de etanol e a conseqüente redução das exportações abriram novo espaço para o milho brasileiro no mercado internacional. As exportações do produto já aumentaram 300,5% até outubro, atingindo o inédito valor de US$ 1,47 bilhão.
Também merece destaque o crescimento de 11,8% das exportações dos produtos florestais. No caso do suco de laranja, o aumento de 34,2% nas cotações internacionais explica a elevação de 59,2% das exportações do produto brasileiro, ocasionada por problemas climáticos ocorridos na Flórida, Estados Unidos. O café também registrou expansão de 18,8% das exportações no período, totalizando US$ 3,15 bilhões.
Segundo as projeções da CNA, as importações deverão aumentar 26,9% este ano, alcançando US$ 8,5 bilhões. De janeiro a outubro, registrou-se um crescimento de 31,1%, chegando a US$ 7,05 bilhões, devido ao câmbio favorável, que barateou o custo dos produtos importados, e à elevação de 52,7% nas importações de trigo.