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PIB do campo deve crescer 4,5%

<p>O crescimento deve recuperar parte de sua fatia na soma global das riquezas brasileiras.</p>

Redação (27/07/07) – As estimativas divulgadas ontem (dia 26) pela Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea) indicam elevação de renda de R$ 24,3 bilhões na comparação com 2006. O PIB total somaria R$ 564,4 bilhões. Se confirmada a expansão, a participação do agronegócio no PIB nacional passaria de 27,21% para 27,34%, segundo a CNA, que projeta um crescimento de 4,5% da economia brasileira. 

O cenário amplamente favorável está assentado nos bons resultados das lavouras de milho, algodão, cana-de-açúcar e soja, além da pecuária de leite, aves e bovinos. No primeiro quadrimestre do ano, houve uma expansão de 1,29% no PIB do agronegócio e de 2,29% na chamada renda da agropecuária "dentro da porteira" – 2,27% na agricultura e 2,33% na pecuária. Em 2006, o PIB do agronegócio havia crescido 0,45%, chegando a R$ 540 bilhões – a agropecuária recuou 2,12%, para R$ 149,8 bilhões. 

Com os bons preços internacionais para as commodities e a forte demanda por biocombustíveis, deve haver um expressivo crescimento de 13,7% do Valor Bruto da Produção (VBP), índice que mede a receita dos 25 principais produtos do setor, segundo a CNA. A projeção evidencia uma recuperação de R$ 23,5 bilhões no faturamento das 20 principais lavouras neste ano – ou 15,3% acima do registrado em 2006 -, para R$ 118,4 bilhões. Os cinco segmentos da pecuária devem agregar R$ 7,8 bilhões em renda ao setor (11,3%), atingindo R$ 76,6 bilhões no ano. Numa análise ainda mais detalhada, é possível ver uma recomposição de 23,6% nas lavouras de grãos, sobretudo em soja (22%), cana (28%) e milho (47%). 

Embora o panorama seja bastante positivo, a CNA afirma que os números mascaram os graves problemas de redução das margens de rentabilidade derivada da valorização cambial, do aumento dos custos de produção e as deficiências crônicas de infra-estrutura e logística do país. "Os números não mentem, mas enganam", resume o superintendente técnico da CNA, Ricardo Cotta. "Mesmo com recordes de safra, faturamento e exportações, o produtor não terá renda suficiente neste ano". 

O principal fator externo de instabilidade continua a ser, segundo a CNA, o "descolamento" das cotações das commodities. Na soja, aponta Cotta, os preços na Bolsa de Chicago estão hoje quase 30% acima das cotações de janeiro de 2006. O indicador interno da Esalq aponta, porém, uma ligeira queda nos preços internos. Para o milho, o preço externo está 50% superior a janeiro de 2006, mas a cotação interna registra uma leve variação positiva. "O câmbio está tirando toda a renda adicional do produtor. E isso não é levado em conta quando se analisa a situação macroeconômica do setor", observa o superintendente da CNA. 

Para ampliar a defesa da tese, um levantamento do Cepea-USP indica ter havido forte deterioração na relação de troca para a atual safra, que começou em julho. Segundo Cotta, o custo de uma tonelada de fertilizante em Mato Grosso saltou de 26,3 sacas de soja para 31,3 sacas neste ano. No Paraná, passou de 19,6 para 27 sacas. O custo de um litro de herbicida tipo glifosato subiu de 0,36 para 0,48 sacas de soja no Rio Grande do Sul. E o litro de fungicida passou de 2,7 para 3,26 sacas de soja. "O produtor continua com suas margens apertadas", afirma Ricardo Cotta.