As enchentes que devastaram vários municípios de Pernambuco e Alagoas em junho deste ano não devem prejudicar o desempenho da economia do Nordeste. Puxado por uma forte expansão do consumo, o Produto Interno Bruto (PIB) da região deve continuar crescendo em ritmo superior à média nacional nos próximos anos.
Projeções divulgadas pela consultoria pernambucana Datamétrica apontam que o PIB regional irá crescer 7,7% em 2010, contra 7,1% esperados pelo mercado para o Brasil. Para o ano que vem, a expectativa é de um salto de 5,25% para o Nordeste e de 4,5% para o país como um todo.
De acordo com Alexandre Rands, da Datamétrica, os estragos causados pelas enchentes não comprometeram significativamente a produção de cana-de-açúcar, principal atividade das regiões atingidas. “Se houver algum impacto sobre o PIB, será residual, mas acredito que não vai ter.”
Enquanto isso, o crescimento do consumo no Nordeste segue forte, refletindo o peso do programa Bolsa Família, bem como a maior oferta de crédito e o aumento do salário mínimo. Durante o primeiro quadrimestre deste ano, por exemplo, as vendas do varejo do Nordeste cresceram 13,12% sobre o mesmo período de 2009, com todos os Estados da região apresentando desempenho superior à média nacional.
O mesmo deverá acontecer com o PIB. Segundo Rands, todos os Estados nordestinos crescerão mais do que o Brasil, o que não acontecia nos anos anteriores. Em 2010, o melhor desempenho deve ser observado em Pernambuco, com expansão de 8%, puxada pelos investimentos no complexo portuário de Suape. Para o ano que vem, a expectativa é que o Piauí lidere o crescimento na região, com 5,8%, turbinado pelo agronegócio.
O economista também chamou a atenção para uma tendência de redução nas distorções entre os desempenhos dos PIBs da região. Segundo cálculos da Datamétrica, a diferença entre o menor e o maior crescimento em 2010 será de apenas 0,79 ponto percentual.
Isso pode ser explicado, segundo Rands, pelo fato de o consumo das classes C e D do Nordeste, que é o que mais cresce, ser abastecido prioritariamente por uma produção local, de pequeno porte. “O valor adicionado local cresceu muito nos últimos anos e foi um fator importante nesse equilíbrio”, explicou o economista.