O trigo encerrou a sessão desta terça-feira em alta na bolsa de Chicago, após o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informar que as condições do trigo de inverno pioraram em algumas regiões do país. Os contratos do cereal que vencem em março, os mais negociados, subiram 1,16%, a US$ 7,6125 por bushel, e os lotes para maio avançaram 1,12%, a US$ 7,7050 por bushel.
“O USDA apontou boas condições das lavouras nos Kansas, mas houve piora nas plantações em Oklahoma, que é o terceiro maior Estado produtor. Isso assustou o mercado e justifica em grande parte a alta de hoje”, diz Jonathan Pinheiro, gestor de risco de trigo da StoneX.
Segundo ele, as tensões entre Rússia e Ucrânia também ofereceram sustentação às cotações. Na semana passada, países do ocidente anunciaram ajuda militar aos ucranianos, o que levou a novos ataques russos. Mesmo com os investidores receosos com os novos desdobramentos do conflito sobre as exportações de grãos pelo Mar Negro, Pinheiro acredita que o acordo entre russos e ucranianos será mantido.
“No momento, o fim precoce do acordo prejudicaria muito mais a Rússia. O país ainda tem uma grande quantidade de trigo para exportar e poderia sofrer novas sanções internacionais caso deixasse o pacto com os ucranianos”, destaca.
Soja
A soja também fechou em alta. Os contratos que vencem em março, os mais negociados em Chicago, avançaram 0,18%, a US$ 15,38 por bushel, e os papéis para maio subiram 0,05%, a US$ 15,3025 por bushel. Os investidores seguiram reagindo à falta de chuvas em regiões produtoras da Argentina. O mercado precificou também o atraso na colheita da safra brasileira, que chegou a 5% da área de cultivo até o último dia 28, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No ciclo anterior, a colheita já havia ocorrido 11,6% da área.
Milho
O milho descolou-se dos demais grãos e encerrou o dia em queda. Os lotes do cereal para março, os mais líquidos, recuaram 0,59%, a US$ 6,7975 por bushel, e os papéis para maio caíram 0,55%, a US$ 6,7750 por bushel.
Exportações
O Brasil pode desbancar os Estados Unidos como o maior exportador mundial de milho ainda neste ano, disse nesta terça-feira o presidente da consultoria Agroconsult, André Pêssoa. A possibilidade, é claro, ainda depende da concretização da safra recorde de milho (o cereal de inverno mal começou a ser semeado), mas as perspectivas para o clima em abril e maio são positivas, com as chuvas ajudando a safrinha. Segundo Pessôa, o Brasil deve colher entre 26 milhões e 27 milhões de toneladas na safra de verão e cerca de 100 milhões de toneladas na safrinha (colhida no inverno e outono).