Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Mercado Interno

Plano de safra com foco na 'classe média'

Ações do governo reforçarão estímulos aos médios produtores por meio da elevação dos recursos, aumento dos limites de financiamento, manutenção das taxas de juros e a criação de tetos específicos.

O novo Plano de Safra 2011/12 dará forte ênfase na “classe média” rural. As ações do governo, que terão R$ 107,2 bilhões para agricultura familiar, reforçarão estímulos aos médios produtores por meio da elevação dos recursos, aumento dos limites de financiamento, manutenção das taxas de juros e a criação de tetos específicos para programas de investimento.

O plano, cujos detalhes foram antecipados pelo Valor, será lançado hoje em Ribeirão Preto, no interior paulista, pela presidente Dilma Rousseff. O governo ampliará o estrato de médios produtores. Serão considerados beneficiários dessas regas mais favoráveis os produtores com renda bruta anual até R$ 700 mil – antes, esse teto era de R$ 500 mil. Assim, o governo aproxima os médios dos agricultores familiares.

Serão destinados R$ 8,3 bilhões em crédito rural a juros de 6,25% ao ano. Desse total, R$ 2,1 bilhões serão “carimbados” para investimentos. Os limites para financiamento de custeio passarão de R$ 275 mil para R$ 400 mil por beneficiário. O inédito teto para investimento será de R$ 300 mil. “Há um cenário muito positivo da agricultura brasileira, com produtores capitalizados, uso de mais tecnologia, mais disposição para buscar linhas de investimento e implantar tecnologia no campo”, afirmou na quinta-feira, já em Ribeirão Preto, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz.
O novo plano terá outros dois eixos importantes para cumprir a meta de aumentar em 5% a atual produção de grãos, fibras e cereais, passando de 161,5 milhões para 169,5 milhões de toneladas em 2012. A redução das emissões de gases do efeito estufa e os estímulos nos programas de investimento ajudarão o governo a cumprir acordos internacionais e modernizar a produção de alimentos. Hoje, a presidente Dilma anunciará um significativo aumento de 14% no volume de recursos para investimento agropecuário. Serão emprestados R$ 20,5 bilhões a juros que variam entre 5% a 9,5%. O governo elevou a 60% do total o volume de recursos a juros subsidiados. Serão R$ 64,1 bilhões dos R$ 107,2 bilhões.

O primeiro plano da gestão Dilma Rousseff também será concentrado no programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). Serão fundidas três linhas de crédito e os juros serão reduzidos. O ABC terá um orçamento de R$ 3,15 bilhões, semelhante ao previsto, e não aplicado, no ano-safra 2010/2011. O governo usará mais recursos dos fundos constitucionais (FNO, FNE e FCO), chegando a R$ 2,9 bilhões em 2012. Nas chamadas “exigibilidades bancárias”, a parcela de 25% dos depósitos à vista que os bancos são obrigados a aplicar no setor rural, passarão de R$ 2,1 bilhões para R$ 4,5 bilhões.

As principais medidas de estímulo à produção são a elevação e a unificação dos limites de crédito, em apenas uma faixa, em R$ 650 mil por CPF; o aumento dos limites para investimento com recursos subsidiados, de R$ 200 mil para R$ 300 mil; simplificação das regras do crédito rural; criação de duas novas linhas de investimento com taxa fixa de 6,75%; a pecuária terá R$ 750 mil para financiar a aquisição de matrizes e os produtores de cana-de-açúcar, R$ 1 milhão pelas próximas quatro safras. O governo também deixará de exigir prazo mínimo de dois anos para investimentos com recursos das “exigibilidades bancárias”.