O setor agrícola do Paraná fez uma série de críticas ao Plano Safra anunciado ontem (7) pelo governo federal. As principais reclamações são os recursos ainda considerados insuficientes, a dificuldade de obter financiamento devido ao alto grau de endividamento dos produtores rurais e o baixo preço pago para culturas como soja, milho e trigo. O Estado deverá ficar com uma fatia de 15% dos R$ 100 bilhões liberados pelo governo. A expectativa era da liberação de pelo menos R$ 130 bilhões para a agricultura comercial.
“O plano não representa a realidade do campo”. Essa é a visão do economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Pedro Loyola. Segundo ele, os R$ 100 bilhões atendem apenas 25% da demanda por crédito da agricultura e pecuária do Brasil. Ainda de acordo com ele, a liberação dos financiamentos estão dificultados devido ao endividamento crônico do setor que remonta desde 2005. Nestes cinco anos, os produtores já passaram por três secas, geadas e chuvas excessivas que agravaram as dívidas e restringem o acesso ao crédito.
“Estamos em um sistema que o produtor sabe que plantou prejuízo devido à política cambial”, disse. Segundo ele, o custo de produção e venda na soja está “empatado”. No milho, o custo de produção no Estado é de R$ 17,50 por saca e o preço de venda está em R$ 13,96. No caso do trigo, há 500 mil toneladas estocadas que tiveram custo de R$ 30 e são comercializadas por R$ 22,50 a saca.
Ele lembrou também que seriam necessários R$ 600 milhões para subvencionar o seguro agrícola e o governo apresentou apenas R$ 238 milhões. Outra crítica da Faep é que a liberação dos financiamentos ainda é muito burocrática e tem custos. O setor reivindica crédito automático.
O gerente técnico da Ocepar, Flávio Turra, lembrou que o Plano Safra deveria ter fundo de catástrofe e aumento do volume de recursos para subvenção do seguro rural. Segundo ele, neste ano, o governo aumentou os recursos a juros livres de R$ 12 bilhões para R$ 14,9 bilhões, ou seja, com juros mais caros.
Lado bom
O economista da Faep destacou como aspectos positivos o financiamento para armanezagem nas propriedades (Moderinfra), o financiamento para linhas que tenham forte vinculação com a questão ambiental e a manutenção da política de garantia de preço mínimo. Ele também destacou o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) com juros mais reduzidos de 6,25% ao ano.
Turra lembrou ainda que houve aumento do valor do Pronamp em relação a 2009 de R$ 5 bilhões para R$ 5,65 bilhões. O técnico da Ocepar destacou também o programa da Agricultura de Baixo Carbono (ABC) que terá R$ 2 bilhões para financiar práticas na lavoura que reduzam a emissão dos gases de efeito estufa, como o sistema de integração lavoura-pecuária-floresta e a recomposição de áreas de preservação ambiental. “Esse programa pode atender a recuperação das áreas degradadas”, disse.