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Combustível

Polêmica do etanol

Unica reforça ações contra o 'lobby do milho' nos EUA. Americanos querem subsídios por mais cinco anos, pelo menos.

Após os sinais do governo de Barack Obama de que as políticas para o etanol vão continuar as mesmas nos Estados Unidos pelo menos até o fim de 2011, os produtores americanos de milho agora querem garantir que essa mesma política se estenda não somente por um, mas por mais cinco anos.

É o que se espera que o lobby dos produtores de milho proponha na reunião de amanhã da Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados daquele país. “Há indícios de que haverá essa tentativa nesta semana e vamos impedir que isso avance”, afirma Joel Velasco, diretor da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) para a América do Norte.

Neste ano, expiram a tarifa americana sobre a importação do etanol – que é de 2,5% sobre o preço do produto mais 54 centavos de dólar por galão (14 centavos de dólar por litro) – e também os subsídios ao misturador (etanol na gasolina) e ao produtor de etanol de milho, que são de 45 e 10 centavos por galão, respectivamente.

“Se nada for feito, em janeiro de 2011 o jogo é outro”, diz Velasco. No entanto, o lobby dos produtores de milho começou agressivo neste ano, e a luz amarela do segmento acendeu porque o governo americano já está prevendo em suas despesas e receitas para 2011 a manutenção dessa política, mesmo sem ter havido aprovação legal.

Em entrevista ao Valor, Velasco considerou “uma vergonha” o governo americano continuar com a política que, no caso dos subsídios, já dura 30 anos e apenas em 2011 deverá representar gastos de mais de US$ 5 bilhões aos americanos. “Um setor subsidiado há três décadas não precisa mais de subsídios”, sustenta Velasco.

Ainda que o segmento sucroalcooleiro do Brasil seja reticente em expor expectativas, a vitória do presidente Barack Obama e a nomeação de Tom Visack – que já declarou ser contra a tarifa do etanol – para o Departamento de Agricultura do país reavivaram esperanças após a difícil era Bush.

O otimismo, mesmo comedido, aumentou no início do ano com o sucesso da atuação da Unica na Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA), que reconheceu o etanol de cana do Brasil como combustível avançado por reduzir em pelo menos 60% as emissões de CO2 em relação à gasolina, considerado um importante reforço na disputa em curso com o lobby dos produtores de milho americanos.

Ontem, a Unica iniciou mais uma ofensiva para impedir o avanço das políticas americanas de proteção. Com investimentos da ordem de US$ 200 mil – menos de 10% do que gasta o lobby do milho -, a entidade lançou uma campanha publicitária na mídia dos Estados Unidos para mostrar que, entre outras vantagens, inclusive ambientais, usar etanol de cana do Brasil pesa menos no bolso dos consumidores americanos.

A ação ganhou rádios e internet e é voltada sobretudo aos formadores de opinião em Washington. “Identificamos em uma pesquisa que o consumidor americano sabe muito pouco sobre o etanol”, diz Velasco.

Fazem parte da campanha cálculos que mostram a economia do consumidor ao abastecer. Segundo a Unica, o litro da gasolina misturada com 10% de etanol de cana do Brasil, sem tarifa, custa US$ 1,88 na bomba aos americanos, valor que é de US$ 2,22 com mistura de etanol de milho. Os dados consideram uma média de preços de 2005 a 2008.