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Economia

Por novos mercados, avicultura de MS aposta em tecnologia de produção

Indústrias investem em otimização para produzir animais em menos tempo. Produtores têm suporte em núcleos criados em parceria com granjas.

A modernização dos aviários tem transformado a avicultura em Mato Grosso do Sul. A tecnologia diminuiu o tempo de produção dos frangos até o abate. Atualmente um animal está pronto em 42 dias.

Em um país de grandes distâncias, diminuir o tempo entre propriedades rurais e indústria ainda é um desafio. E esse gargalo na produção fica ainda maior quando o alimento a ser transportado é frágil.

Pecuária pesa no PIB agropecuário; custos maiores pressionam No setor da avicultura é assim. Os animais não podem viajar por muito tempo até o frigorífico. Por isso a indústria brasileira se modernizou rapidamente e criou núcleos produtores que inclui parceria com as granjas, qualificação de mão de obra e indústria. Mas se esse suporte de produção foi alcançado, ainda existem outros.

No Brasil ainda se come pouca carne de frango. Mas o brasileiro está se adaptando às novas realidades de mercado e preço. Um levantamento feito pela Associação Brasileira dos Produtores de Pintos de Corte (Apinco) mostra que o consumo per capita de frango no país bateu recorde em 2010. 44,523 quilos por pessoa. O número é 13,63% maior que os 39,182 quilos per capita de 2009. O cálculo toma como base a produção para o consumo interno, não conta a exportação. A pesquisa concluiu que a média de crescimento do consumo de frango pela população brasileira nos últimos 30 anos, ficou em 5,6% ao ano, de 1981 a 2010.

“O mercado interno tem crescido. A demanda está em franca expansão justamente porque a classe ‘C’ está comprando mais. Quando você melhora a sua renda, a primeira coisa, você melhora a sua alimentação. A proteína faz parte da alimentação desde o princípio. Então você melhora a sua renda e quer comer melhor. A classe ‘C’ tem contribuído para o aumento do consumo no Brasil”, disse Marcelo Moser, gerente de indústria.

E esses polos de produção de carne se espalham por Mato Grosso do Sul. Aos poucos as regiões vão ganhando características próprias e com perfil para determinados sistemas de criação. Falar na produção de carne de frango, é quase obrigatório falar de Sidrolândia, município que fica na região central do estado, distante 70 quilômetros de Campo Grande.

A economia principal do município gira em torno do frango. Desde 1993, a segunda maior indústria de carne do Brasil se instalou na região, colocando Mato Grosso do Sul em destaque na produção de aves. Um trabalho do campo que reflete diretamente na cidade.

“Sidrolândia teve um problema de agricultura na década de 80 e início de 90. Nós fomos buscar uma indústria que suprisse a necessidade do município continuar crescendo. Graças a Deus trouxemos uma avicultura forte. Na época quando inauguramos esta empresa, o município tinha dez mil habitantes, e hoje temos 42 mil habitantes, em menos de 18 anos”, afirmou Nilo Cervo, secretário de desenvolvimento rural e meio ambiente de Sidrolândia.

São mais de 20 países da Europa, Oriente Médio, Ásia. O Japão é o principal cliente. O mercado japonês compra quatro mil toneladas por mês. Este grande mercado consumidor ainda tem as exigências. Exportação para o outro lado do mundo é só coxa. Uma carne nobre, uma das melhores peças do frango. Grande mercado, grande exigência, grande também na fiscalização. Os técnicos japoneses visitam com frequência a indústria brasileira. Eles querem garantir a segurança no setor sanitário na produção da carne.

Para a indústria garantir tamanha qualidade do produto foi preciso mudar os sistemas de produção. Apenas garantir o mercado internacional não foi suficiente. Era preciso ter granjas preparadas para tantos cuidados e responder aos exigentes padrões de segurança alimentar.

“Todo o ambiente é climatizado, controlado de acordo com as temperaturas que as aves exigem”, disse Lígia Souza, veterinária.

Os ovos, por exemplo, seguem por uma esteira, sem precisar da presença do homem dentro do galpão. Tudo é controlado por um sistema de monitoramento. As aves ficam mais tranquilas, sem ameaças constantes, e o bem estar do animal acelera a produção de ovos férteis que seguem normas de segurança internacionais.

“Na granja de matrizes o controle é muito rígido na biosseguridade. Começa pelo valor das aves. Elas estão agrupadas. Um lote desses têm 30 mil aves fêmeas. E cada uma vai botar 180 ovos. 80% viram pintinho. Então o valor agregado é alto. Os silos de ração são externos. Os caminhões não entram. Só pessoas autorizadas entram nas granjas. Os banhos são dos pés a cabeça para entrar, e qualquer material tem de ser fumegado ou desinfetado para visar à saúde. Estas são normas que o Ministério da Agricultura impõe para atividade, mas a empresas muitas vezes acaba fazendo normas mais rígidas do que o próprio ministério”, conclui a veterinária.

“Meu sucesso vem de 15 anos. Comecei na atividade em 98 e acabei entrando na atividade de ovos férteis. A melhor forma que eu achei foi trabalhar com esta tecnologia hoje. O ninho automático, a esteira, estou feliz com o resultado”, disse Marino Welter, avicultor

Na avicultura de corte, a tecnologia também encurta o tempo de produção com foco no alimento de qualidade. Hoje, em 42 dias um frango vai para o abate. Antigamente este tempo chegava a seis meses. Frango caipira ainda precisa desse tempo todo para ficar terminado.

A tecnologia diminui o contato do homem com os animais. A ração chega por esta tubulação. E o alimento chega a medida que as aves vão comendo. O cardápio é bem a vontade. A dieta dos animais pode adiantar o abate. E a água não só mata a sede mas proporciona ambientes mais agradáveis para o bem estar do frango.

“Água fria, fresquinha. Se por um acaso a água esquentar, será jogada fora do barracão e virá outra nova. O frango de corte não gosta de água quente. Dá problema no intestino. Ele é que nem a gente”, disse Iluir Antônio Scariot, avicultor.

Em um futuro próximo os países terão de produzir mais alimento. É uma necessidade da demanda mundial. Estudos científicos mostram que o campo terá de ser aperfeiçoar, aprimorar os sistemas, aumentar a produção. O Brasil é visto por organismos internacionais como um celeiro na produção de alimentos. No contexto desse mapa do alimento está Mato Grosso do Sul, com terras férteis, clima favorável, posição geográfica privilegiada, e mais, um trabalhador rural atento aos conceitos de modernidade.