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Carne Suína

Potencialidade do Brasil como produtor de carne suína

Brasil tem vocação para ser um grande produtor de carnes e deve usar grãos para produzir proteína de origem animal.

Potencialidade do Brasil como produtor de carne suína

No Congresso Internacional da Carne, realizado em Campo Grande/MS, no início de junho, o Diretor executivo da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Fabiano Coser, apresentou a palestra “Potencialidade do Brasil como Produtor de Carne Suína”.

Segundo ele o Brasil tem vocação para ser um grande produtor de carnes e para isso “temos que usar grãos para produzir proteína de origem animal”.

“As exportações de carne cresceram 15% em receita de 2009 para 2010, com tendência de ultrapassar o complexo soja, principal na pauta de exportação brasileira. Assim, produzindo carnes a partir dos grãos, estaremos agregando valor”, comentou o diretor da ABCS.

Apresentando dados de 2007, publicados pela revistas Agroanalysis no ano passado, ele destacou que o Brasil produz metade do que os EUA em uma área muito parecida, ou seja, com adoção de tecnologia e aumento da eficiência produtiva podemos aumentar muito nossa produção.

Coser ainda chamou a atenção para a posição do Brasil no mercado internacional de carnes, sendo o maior exportador mundial de carne bovina e de frango, respectivamente com 33% e 38% de participação no mercado global. Na carne suína os exportadores brasileiros detêm 12,4% da participação no comércio mundial, ficando na quarta posição do ranking dos maiores exportadores.

Falando especificamente sobre a suinocultura, o palestrante ressaltou que esta é uma atividade cara e extremamente tecnificada. Traçando uma fotografia da atividade ele apresentou alguns dados da suinocultura brasileira que tem 1,65 milhão de matrizes, mais de 50 mil produtores, gera 1 milhão de empregos diretos, produziu 3,24 milhões de toneladas de carne em 2010 e apresentou uma receita de US$ 1,34 bilhão em exportações em 2010, sendo o 4º maior produtor de suínos no mundo e o 4º maior exportador de carne suína no mercado internacional.

Segundo ele 58% do total de matrizes estão concentradas na região Sul e os principais Estados produtores são Santa Catarina – com 420 mil matrizes -, Rio Grande do Sul – com 290mil matrizes – e Paraná – com 270 mil matrizes. A distribuição geográfica do plantel se dá da seguinte maneira:

“Mesmo no Mato Grosso, com os grãos próximos da produção de suínos, os produtores estão enfrentando reduções nos preços recebidos e não têm conseguido cobrir os custos de produção. Para reverter esse quadro, precisamos melhorar nossa estratégia e o planejamento da atividade”, frisou.

Apresentando algumas previsões do Mapa, ele avaliou que a produção de carne suína brasileira deve crescer a uma taxa anual de 1,86%, chegando a 3,7 milhões de toneladas em 2018. Enquanto isso o consumo de carne deve seguir crescendo em ritmo mais acelerado, aumentando em 82% nos países emergentes e 18% nos países desenvolvidos até 2018. Este fator deve seguir impulsionando os preços das carnes nos próximos anos, já que o consumo deve crescer mais que a capacidade de produção.

Para representar o que está acontecendo no mundo, Fabiano Coser apresentou o Gráfico abaixo que mostra como está a dinâmica de crescimento do consumo de proteína animal nos últimos 10 anos.

“A população dos países ricos está diminuindo o consumo de carnes, então vamos vender para os emergentes, que estão experimentando um aumento na renda da população”, comentou. O gráfico abaixo exemplifica bem essa mudança nos padrões de consumo.

Apesar da exportação de carne suína brasileira ter crescido bastante nos últimos 10 anos e ser uma importante fonte de receita para o setor, como podemos ver no gráfico abaixo, o principal consumidor da carne suína produzida em nosso país, ainda é o brasileiro que consume 83,3% da nossa produção, em uma situação bastante semelhante ao que temos observado no mercado de carne bovina.

Após mostrar dados sobre o consumo de carnes pelos brasileiros, evidenciando que o consumo per capita de carne frango e carne suína aumentou nos últimos anos, enquanto o consumo de carne bovina permaneceu praticamente estável, o diretor da ABCS chamou a atenção para a concentração de pessoas que existe nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, conforme está representado na figura abaixo. “Nestas regiões temos aproximadamente 170 milhões de consumidores, essa população está tendo ganhos no poder de compra e temos que aproveitar isso”.

Para mostrar claramente esse aumento do poder de compra dos brasileiros, o palestrante mostrou dados do Bradesco que mostram que em 2011 o PIB per capita brasileiro deve ficar próximo dos US$ 11 mil, enquanto em 2001 esse valor girava em torno dos US$ 3 mil. Outro dado que ajuda a entender o que tem acontecido nos últimos anos, vem de uma pesquisa da CNA, que mostra que em 1995 era possível comprar 1,12 cestas básicas com 1 salário mínimo, enquanto hoje é possível adquirir 1,95 cestas básicas com o mesmo salário mínimo.

Analisando esses dados, ele comentou que no mercado interno o foco da indústria frigorífica deve ser o Nordeste, pois é lá que o Brasil cresce mais rápido e com o aumento da renda a população consome mais e consome mais proteína de origem animal.

Sem esquecer da importância do mercado externo, mas pensando no potencial do mercado doméstico a ABCS, com apoio da CNA e do Sebrae, criou o Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura, que promove ações em 9 Estados Brasileiros (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo, Bahia, Ceará e Distrito Federal), visando estimular o consumo de carne suína. Este projeto prevê o investimento de R$ 11 milhões até 2013.

A estimativa da Associação é que o sucesso deste Projeto irá trazer impactos positivos para o setor e para a economia brasileira de maneira geral. Se ele conseguir aumentar em 2 quilos o consumo per capita de carne suína o impacto será a necessidade de aumento do plantel em 200 mil novas matrizes, será necessário investir mais R$ 1 bilhão no setor, a demanda por grãos irá crescer em 1,3 milhões de toneladas por ano, serão gerados 72 mil empregos diretos e indiretos e o mercado irá precisar de 14 mil novos profissionais capacitados.

Para finalizar Fabiano Coser considerou que o Brasil está se consolidando como um dos mais importantes produtores de alimento do mundo e que a produção do complexo carnes vem se destacando como a principal forma de agregação de valor à produção de grãos.

Falando mais especificamente da suinocultura ele acredita que “a carne suína será a próxima proteína animal a se destacar em termos de aumento de volumes produzidos no Brasil, tendo como base a disponibilidade de áreas adequadas, grãos, tecnologia, produtividade e potencial de mercados interno e externo”.

Gráficos podem ser visualizados aqui.