As carnes vivem um momento atípico. Os preços caem lá fora, o Brasil exporta menos, mas há uma elevação do produto no mercado interno.
Essa busca pelo mercado externo, em detrimento do interno, deve-se à valorização do dólar. Mesmo com os preços externos menores, as carnes ainda rendem mais reais quando convertidos pela taxa de dólar acima de R$ 3.
Mas a incerteza do valor da moeda norte-americana, devido à conjuntura econômica nacional, dificulta a tomada de decisão pelo setor.
A tonelada de carne bovina “in natura”, por exemplo, foi negociada, em média, a US$ 4.164 no mês passado. Esse valor representa queda de 10% em relação aos US$ 4.619 de abril do ano passado.
As exportações do produto “in natura” recuaram para 83 mil toneladas no mês passado, 9% menos do que as 92 mil de igual período de 2014, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
Resta ao consumidor pagar mais pelo produto no mercado interno. Ou fazer uma transferência de consumo para um produto de menor valor.
Levantamento de preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) do mês passado apontou que a carne bovina subiu, em média, 1,5% para os consumidores paulistanos.
As chamadas carnes de primeira, e mais caras, tiveram queda de preço, ao contrário das de menor valor.
O quilo de picanha, após uma queda de 0,5% em março, voltou a cair em abril: -3,6%. Já os cortes de acém e de costela subiram 6,1% e 4,7% no mês passado, respectivamente, segundo o levantamento da Fipe.
Os dados do setor de frango apontam bem para essa vantagem momentânea da exportação.
A receita em reais das vendas externas de carne de frango (incluindo frango inteiro, cortes, processados, salgados e embutidos) cresceu 9,3% em abril em relação a igual período de 2014, atingindo R$ 1,7 bilhão.
Em dólares, houve queda de 20% no período. Já o volume embarcado registrou queda de 7% em abril, ante igual mês do ano passado.
A tonelada de carne de frango “in natura” recuou para US$ 1.603 no mês passado, segundo dados da Secex. Esse valor tem queda de 14% em relação aos preços praticados em abril do ano passado.
No mesmo período, a tonelada de carne suína recuou para US$ 2.389, uma queda de 19%.
O setor de carne bovina vive um momento diferente do das carnes de frango e suína. Com preços elevados, a perspectiva de queda da carne bovina é remota.
O setor, que tradicionalmente tem preços recordes nos últimos meses do ano, está com oferta reduzida de gado. Além disso, os demais concorrentes do Brasil -principalmente os Estados Unidos- têm oferta ainda menor de gado, devido à redução do rebanho.
Já a oferta de frango aumentou nas últimas semanas, derrubando o quilo da ave viva para R$ 2,20 nas granjas paulistas.
Os produtores de suínos também já não conseguem negociações de preços nos mesmos patamares de há um mês. A arroba caiu 12% nas granjas paulistas em 30 dias.
A redução do valor dessas carnes nas granjas mantém preços equilibrados para os consumidores. Os paulistanos pagaram 0,6% menos pela carne de frango nos supermercados no mês passado, enquanto a suína caiu 1,8%.
Trigo
O Paraná deverá plantar 1,36 milhão de hectares de trigo nesta safra. Se confirmada, essa área recua 2% em relação à de 2014. Mas o produtor ainda está indeciso, e a área poderá ser menor.
Atrasado A avaliação é de Hugo Godinho, do Deral paranaense (Departamento de Economia Rural). Ele considera que o plantio do cereal, devido à falta de condições ideais de umidade do solo, chegou a 30% nesta semana e está atrasado em relação ao de 2014.
Acerola para suínos
A inclusão de farelo de acerola na alimentação de suínos apresenta reduções nos teores dos ácidos graxos saturados. Tais ácidos estão relacionados com o desenvolvimento de mudanças degenerativas nas paredes das artérias, e seu consumo demasiado pode provocar doenças cardiovasculares.
Doutorado É o que aponta tese de doutorado intitulada “Farelo de Acerola em Programa de Restrição Alimentar para Suínos Pesados”, defendida pelo zootécnico Fabricio Rogério Castelini, sob a coordenação de Maria Cristina Thomaz, docente do Departamento de Zootecnia da Unesp de Jaboticabal e financiada pela Fapesp.
Ômega Outro ponto revelado pela tese foi o aumento nos teores dos ácidos graxos a linolênico (C18:3n3) e linoleico conjugado (CLA), popularmente conhecidos como ômega 3 e 6. A ingestão do ômega 3 auxilia na diminuição dos níveis de triglicerídeos e colesterol ruim (LDL), enquanto pode favorecer o aumento do colesterol bom (HDL)”.