O preço do frango voltou a pesar no orçamento familiar. O alimento, que estava com cotação em queda nos últimos meses, apresentou valorização de 44,5% entre o dia 1º e 11 de junho, saindo de 3,30 reais para 4,84 reais. No mesmo período, o frango resfriado teve elevação de 32,51%, passando de 3,76 reais para 4,81 reais. É o que mostra levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, com valores de venda no atacado. O aumento é reflexo da greve dos caminhoneiros.
A paralisação levou à falta de ração para os produtores alimentarem os animais e também impediu o transporte das aves. De acordo com dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os bloqueios nas estradas geraram impactos totais de 3,150 bilhões reais ao setor produtor e exportador de aves, suínos, ovos e material genético.
O resultado é sentido diretamente no preço do alimento, que estava bem mais baixo nos últimos meses devido aos reflexos da Operação Carne Fraca e ao embargo da União Europeia ao frango brasileiro. A UE proibiu a importação de carne de vinte frigoríficos nacionais.
Para se ter uma ideia, no dia 2 de janeiro, o produto era vendido por 3,79 reais e no dia 1º de junho custava 3,30 reais, queda de 12,5% no período. Nesta segunda-feira, o alimento saia por 4,84 reais.
Além do boicote europeu, a China anunciou na sexta-feira, 8, que os importadores chineses de frango brasileiro terão que pagar depósitos de 18,8% a 38,4% do valor de suas compras.
Essas medidas de dois importantes compradores brasileiros deveriam contribuir para a diminuição de preço no mercado interno, mas não foi o que ocorreu neste mês.
Fora das dificuldades geradas pela greve dos caminhoneiros, o tabelamento do frete mínimo também ajuda a tornar os produtos mais caros. Aliado a isso, está o aumento do custo da ração, devido à quebra de safra na Argentina.
Reajustes estão ocorrendo em diversos alimentos e devem ter impacto direto na inflação. Nesta segunda-feira, 11, os economistas do mercado financeiro aumentaram, mais uma vez, as projeções de inflação, reflexo da greve dos caminhoneiros.
A projeção para a inflação em 2018 está próxima do piso da meta deste ano, cujo centro é de 4,5%, com margem de tolerância de 1,5 ponto porcentual (índice de 3% a 6%). Para 2019, a meta é de 4,25%, com margem de 1,5 ponto (de 2,75% a 5,75%).