Os preços globais dos alimentos recuaram em abril após subirem no primeiro trimestre deste ano, disse a agência responsável por alimentos das Nações Unidas (FAO), mas os temores com a inflação continuam à tona, enquanto sobem os preços da soja.
Os preços recordes dos alimentos em fevereiro passado ajudaram a estimular as revoltas da Primavera Árabe no Oriente Médio e no Norte da África. Os preços recuaram no segundo semestre de 2011, mas a tendência de alta foi retomada em janeiro.
O índice de preço dos alimentos da FAO, que mede as mudanças mensais dos preços de uma série de cereais, oleaginosas, laticínios, carne e açúcar, ficou na média de 214 pontos em abril, abaixo dos 217 pontos em março, disse a Organização para Agricultura e Alimentação da ONU (FAO) nessa quinta-feira.
Ainda assim, os preços da soja – no maior nível desde julho de 2008 – devem subir ainda mais devido ao aperto da oferta, que tem levado o preço do milho a subir, disse o economista sênior da agência.
A queda do índice refletiu em uma perda de 2,5 por cento ante o mês anterior nos preços do milho, uma queda de 1 por cento no trigo e de 5 por cento nos preços do açúcar, que compensaram um ganho de 2,2 por cento nos óleos vegetais, estimulados pela alta dos preços da soja.
“Você deve ver os preços ainda sob pressão de queda nos próximos meses”, disse o economista sênior da FAO e analista de grãos Abdolreza Abbassian à Reuters, acrescentando que o clima continua sendo um fator crítico.
O índice parece ter se estabilizado em um nível relativamente alto, em cerca de 214 pontos, disse a FAO em atualização mensal de suas estimativas.
Na semana passada, o Banco Mundial disse que o petróleo mais caro, a forte demanda da Ásia e o clima adverso têm elevado os preços globais do alimentos, acrescentando que se as atuais previsões para produção 2012/13 não se materializarem, os preços podem atingir níveis ainda maiores.
Os futuros da soja nos EUA, um dos maiores condutores dos mercados internacionais de grãos nos últimos meses, têm sido estimulados pelas contínuas compras por parte da China, maior comprador mundial.
“Para o índice (da FAO), as condições associadas com as oleaginosas especialmente têm dado suporte”, disse o analista sênior de commodities do Rabobank, Keith Flury.