Da Redação 20/07/2004 – 06h44 – A queda das cotações de algumas das principais commodities agrícolas exportadas pelo Brasil e a recente valorização do dólar em relação ao real tiraram parte da sustentação desses produtos no mercado doméstico, observaram especialistas ouvidos pelo Valor. Com isso, um leque de itens que inclui algodão, soja, milho, trigo, laranja e café estão com seus preços em baixa no país. Este movimento poderá servir de contraponto ao período de entressafra de grãos, no segundo semestre, quando o campo costuma impulsionar os índices inflacionários.
“Essas quedas no mercado internacional estão tirando sustentação de preços de alguns produtos no mercado interno. A situação é mais aguda nos casos de soja, milho, algodão e café”, diz Nelson Batista Martin, diretor do Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria de Agricultura de São Paulo. Na segunda quadrissemana de julho, o índice de preços recebidos (IPR) pelos produtores agropecuários paulistas voltou a registrar variação negativa, de 1,62%. Foi a segunda queda quadrissemanal seguida, e para o mês a previsão é de retração acumulada de até 1%.
A variação foi determinada pelo comportamento das cotações do grupo de produtos de origem vegetal, que recuou 3,13%. Já o grupo de produtos de origem animal subiu 1,10% na segunda quadrissemana e deve seguir em alta devido à entressafra do boi.
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Para Fabio Silveira, da MSConsult, a queda das commodities no mercado internacional não surpreende, até porque boa parte delas – casos da soja e do algodão, principalmente – estava com cotações num patamar bem superior à média histórica. “Entre outros fatores, houve uma redução da presença de fundos de investimentos nesses mercados. O que também já era esperado desde que a elevação das taxas de juros nos Estados Unidos era apenas uma expectativa”, afirma.
Na semana entre 7 e 15 de julho, a MSConsult captou queda média de 2,1% dos preços agrícolas no atacado de São Paulo. O cálculo é baseado em uma cesta de 14 produtos, dos quais apenas tomate e batata, em virtude de problemas climáticos, registraram valorização significativa.
