Da Redação 02/12/2003 – 04h20 – Ainda sustentados basicamente pela entressafra de grãos, os preços recebidos pelos produtores agropecuários brasileiros permaneceram, em média, relativamente estáveis em novembro no mercado doméstico. A mesma estabilidade, também com algumas exceções, pode ser verificada no atacado e no varejo, e as perspectivas para dezembro apontam para a manutenção do quadro atual, segundo especialistas.
Em São Paulo, maior mercado consumidor do país, o índice de preços recebidos (IPR) pelos produtores, pesquisado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) – ligado à Secretaria de Agricultura do Estado – confirma a tendência. O indicador encerrou o mês passado com variação de 0,23%, 0,7 ponto percentual a menos que em outubro, mas ainda em terreno positivo, pelo quarto mês consecutivo. Para dezembro, Nelson Martin, diretor do IEA, estima alta de até 0,5%.
Em novembro, o IPR voltou a encontrar no grupo de produtos de origem vegetal um “colchão”. No grupo, que em média subiu 0,8% no mês, os destaques foram as altas do algodão (35,59%), do milho (17,65%) e do amendoim (12,12%). Entre os produtos de origem animal – que, em média, caíram 0,95% -, chamaram a atenção as quedas dos ovos (10%) e do leite (7,84%), mas não passou despercebida a recuperação das aves, que saltaram 6,9%.
Com o resultado de novembro, o IPR acumulou, nos onze primeiros meses do ano, variação positiva de 0,71%, abaixo dos principais índices que medem a inflação no país. O IGP-M, por exemplo, subiu 8,04% no mesmo intervalo, enquanto o IPC-Fipe, conforme estimativa preliminar do IEA, registrou alta de 7,65%. Nos últimos doze meses até novembro último, o produtor agropecuário também viu seu poder de troca cair. A variação positiva foi de 3,08%, ante 12,09% do IGP-M e 9,62% do IPC-Fipe (previsão do IEA.).
Com esse comportamento, os reflexos dos preços agrícolas médios na inflação deixaram de ser uma preocupação, exceto nos casos do arroz e do algodão e do frango, observa Douglas Nakazone, pesquisador do núcleo agrícola da Fipe. Até porque no atacado, eles estão em queda. Segundo levantamento da FSilveira Consultoria, em São Paulo esta retração foi de 0,4% na semana entre 20 e 27 de novembro em relação à semana imediatamente anterior. Foi a quinta variação negativa seguida da cesta de 11 produtos pesquisada pela consultoria.