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Economia

Preços de alimentos seguem firmes

Índice de preços globais de alimentos do Banco Mundial permanece muito acima dos patamares de 2010.

Preços de alimentos seguem firmes

Ainda que tenha recuado em relação ao início do ano, o índice de preços globais de alimentos do Banco Mundial permanece muito acima dos patamares de 2010 e próximo às máximas históricas de 2008, alcançadas antes do recrudescimento da crise financeira global, em setembro daquele ano.

Levantamento divulgado ontem pela instituição mostra que, de abril a julho, o indicador atingiu, em média, 278,3 pontos, 5% abaixo do nível de fevereiro. Na comparação com julho do ano passado, porém, a alta é de 33%.

De acordo com análise divulgada pelo banco, os estoques globais de alguns produtos, como o milho, continuam “alarmantemente” baixos, apesar de um aumento generalizado da oferta desde abril. Os preços elevados prejudicam inclusive os trabalhos de ajuda humanitária em países como a Somália, onde mais de 12 milhões de pessoas precisam urgentemente de assistência, e uma severa estiagem comprometeu a já desestruturada produção nacional.

O próprio milho é um dos poucos itens que compõem o índice do Banco Mundial que segue com valorização mesmo em relação ao resultado de fevereiro – 3%, sendo que na comparação com julho de 2010 o incremento chega a 84%. Outro produto agrícola que sobe em relação a fevereiro é o arroz (2%), cuja valorização em 12 meses é de 21%.

Na bolsa de Chicago, referência global para as cotações dos principais grãos, os de maior liquidez – milho, trigo e soja – continuam firmes, apesar da volatilidade. Os três subiram ontem, e seus contratos futuros de segunda posição de entrega (normalmente os mais negociados) acumulam em 12 meses altas de 68,52%, 0,99% e 29,49%, respectivamente, segundo o Valor Data.

Para Vinícius Ito, analista da Newedge baseado em Nova York, o mercado de grãos deve seguir sustentado, a menos que haja uma “hecatombe” nos mercados financeiros. No caso do milho, diz, o cenário para oferta está consolidado nos Estados Unidos e o mercado deverá se voltar cada vez mais para as intenções e condições de plantio no próximo verão no Hemisfério Sul, principalmente na Argentina e no Brasil.

Já a soja entra no período mais crítico de desenvolvimento da safra 2011/12 dos EUA com condições climáticas desfavoráveis e lavouras em piores condições do que no ciclo passado. Embora o cenário não seja dramático, afirma, a relação entre oferta e demanda é apertada.

Fabio Silveira, economista da RC Consultores baseado em São Paulo, diz que as turbulências financeiras e incertezas econômicas irradiadas dos países desenvolvidos tendem, no longo prazo, a aprofundar a tendência de retração captada pelo índice do Banco Mundial desde fevereiro. Silveira ainda projeta alta de 20% do índice CRB (Commodity Research Bureau), composto por 19 commodities (inclusive não agrícolas), em 2011, mas estima uma retração de 7% para o ano que vem.

Especificamente para a soja, o especialista calcula preço médio em Chicago 27% superior em 2011 do que em 2010, mas baixa de 16% em 2012. No mercado de milho, Silveira estima ganho de 61% neste ano e queda de 11% no próximo.