Redação (08/09/2008)- O resultado foi a queda nas cotações dos grãos. A maior perda ocorreu com a soja, que recuou 11,1% em uma semana, na Bolsa de Chicago (CBOT). Os papéis com vencimento em novembro caíram de US$ 13,24 o bushel (27,2 quilos), cotados no dia 29 do mês passado, para US$ 11,77 o bushel, na sexta-feira. Há dois meses os preços da oleaginosa estavam em patamares que analistas consideram remuneradores ao produtor brasileiro – por volta de US$ 14 o bushel – e, desde lá, tiveram desvalorização de 28,6%.
Na sexta-feira, o recuo nos preços do petróleo e a divulgação do relatório de uma empresa conceituada, revelando uma situação favorável às lavouras americanas, também favoreceram o movimento baixista que vinha ocorrendo durante a semana. No milho, por exemplo, a queda foi de 6,3%, com o contrato de dezembro cotado a US$ 5,31 o bushel.
"As chuvas do último furacão foram benéficas ao Meio-Oeste americano", observa Jacqueline Bierhals, gerente de Agroenergia da AgraFnp. Ela acrescenta que o movimento de venda das commodities pelos fundos foi motivada pela alta do dólar. "Isso causa uma migração dos recursos".
Diante de um cenário de preços negativos, o produtor está cauteloso. Segundo levantamento da Céleres, o percentual de vendas futuras de soja neste ano é de 13% ante os 20% no mesmo período do ano passado. O número também é baixo se comparado à média dos últimos cinco anos, onde registrou o patamar de 16% de comercialização. "O auge do preço em Chicago já passou. A estratégia é o produtor garantir os recursos e insumos mínimos para a produção e evitar grandes volumes futuros", explica Leonardo Menezes, analista da Céleres.
Para o analista da Safras & Mercado, Flávio França Júnior, o perfil da safra americana continua igual. "O que muda é que a influência do mercado financeiro tem sido forte nos últimos dias".
A gerente da AgraFnp, diz que o cenário indica uma produção americana grande. Já Menezes, da Céleres, lembra que o atraso no plantio da soja pode levar a colheita ao inverno e provocar perdas.