Depois de um 2013 trabalhando “no negativo”, com custos de produção maiores que a venda do produto terminado, os suinocultores paranaenses estão em situação mais confortável este ano. Os preços têm atingido patamares excelentes: nesta semana fechou com média de R$ 3,74 o quilo do animal pago ao produtor, o maior valor alcançado desde fevereiro.
Do segundo mês do ano até agosto, analisando as médias mensais, o incremento foi de exatos 10%, salto de R$ 3,10 para R$ 3,41 o quilo. Ontem, o preço estava em R$ 3,72 o quilo, com alguns locais, onde o volume de comercialização é menor, chegando a R$ 4,60 o quilo. Nas praças de Toledo, Francisco Beltrão e Ponta Grossa, principais regiões produtoras, a média fechou em R$ 3,86. Os números são do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).
De acordo com o técnico do Deral, Edmar Gervásio, o mês de agosto só perde em preços para janeiro (R$ 3,47 o quilo). Porém, ele acredita que novos patamares serão atingidos até o final do ano, quando a demanda aumenta naturalmente, justificada pelos eventos festivos. “Um dos principais fatores para a evolução dos preços de 2014 é a retomada natural do mercado, que estava muito ruim nos últimos anos”, explica Gervásio. Só como base comparativa, a média anual dos últimos três anos fechou abaixo da casa dos R$ 3, sendo 2013 o melhor deles, quando finalizou em R$ 2,92.
Outro ponto importante, que pode influenciar nos preços daqui para frente, é a retomada do mercado russo na aquisição da carne suína brasileira. “Ainda é algo que não se confirmou, mas o que se espera é que a partir dos próximos meses as exportações possam refletir no volume de carne no mercado interno, influenciando ainda mais nos preços. Porém, essa movimentação ainda é muito incerta”, complementa Gervásio.
Em relação aos custos de produção, a estimativa do Deral é que atualmente esteja entre R$ 2,80 e R$ 3 por quilo do suíno, o que gera uma margem de lucro bem atrativa frente aos preços de comercialização, algo em torno de 20% a 30%. “Sem dúvida alguma, a queda nos preços do milho, que representam mais de 70% da ração dos animais, e a estabilidade nos valores do farelo de soja, foram importantes para o suinocultor”. Segundo o Deral, entre março e agosto, a saca de 60 kg de milho sofreu retração de 21%.
De modo geral, a expectativa do departamento de economia é de incremento na produção do Estado, que pode variar entre 5,5% e 10%, atingindo a marca de 650 mil toneladas. O percentual de crescimento é maior que a média brasileira, estimada em 4,5%, e de grandes estados produtores, como Santa Catarina (+2,5%) e Rio Grande do Sul (3,3%).
Exportação
Mesmo ainda sendo complexo estimar o quanto a abertura do mercado russo pode trazer de crescimento efetivo para o mercado suíno paranaense, é fato que há uma recuperação das exportações. Os anos de 2012 e 2013 apresentaram resultados negativos principalmente devido às restrições dos mercados ucraniano, russo e argentino.
A expectativa é atingir uma marca entre 50 mil e 55 mil toneladas este ano, o que pode representar um aumento de 16% a 28% em relação ao ano passado, mas ainda não é possível alcançar o volume de 2011, quando foram enviados para fora do País 61 mil toneladas do produto.