Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Presidente argentino quer ampliar guerra comercial com o Brasil

Kirchner avalia medidas contra têxteis; frango, calçados e máquinas podem entrar na lista.

Redação AI 08/07/2004 – 09h10 – O governo argentino está decidido a enfrentar o Brasil para proteger a sua indústria e emitiu ontem, dia 07, claros sinais neste sentido. O presidente Néstor Kirchner defendeu as barreiras impostas por seu governo contra as importações de eletrodomésticos brasileiros. Segundo ele, as medidas foram adotadas para “evitar assimetrias” no comércio bilateral.

“Quando pensamos no Mercosul, pensamos como formar o desenvolvimento industrial em todos os países, para que não se desenvolva em um só”, disse o presidente. “Por isso, foram as últimas disposições sobre as linhas brancas”, referindo-se às restrições para as importações de refrigeradores, fogões e máquinas de lavar roupas, e ainda os televisores.

Antes de encontrar-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no final desta tarde, em Puerto Iguazú, Néstor Kirchner destacou que é preciso “evitar as assimetrias, buscas os pontos de equilíbrio e permitir que as indústrias se desenvolvam de forma equilibrada em todo o Mercosul”. As declarações do presidente foram dadas à imprensa argentina ao desembarcar na cidade de Paraná, província de Entre Rios, alguns minutos antes de viajar para Puerto Iguazú.

Ameaças – No início da semana, o vice-chanceler Martín Redrado Havia indicado o setor de autopeças como  um próximo alvo de medidas restritivas argentinas. O lado argentino argumenta que o motivo para uma eventual ampliação das restrições para os setores de frangos, calçados e têxteis deve-se ao suposto desrespeito aos acordos privados que estabeleceram cotas para as vendas brasileiras ao mercado argentino.

A “Guerra das Geladeiras” era o prato principal da reunião que o Ministro Lavagna preparava-se para ter ontem à noite com o ministro da Fazenda do Brasil, Antonio Palocci. A disputa pela entrada de eletrodomésticos brasileiros no mercado argentino acabou ocupando a maior parte da agenda entre os dois países e deslocou das negociações uma série de outros assuntos que o bloco do Cone Sul planejava discutir na reunião de cúpula.

O subsecretário-geral de assuntos de América do Sul do Brasil, Luiz Felipe Macedo Soares, tentou minimizar a intensidade do conflito. “Posso dizer, com toda a certeza, que não estamos, nem estaremos, numa guerra comercial com a Argentina”, disse Macedo Soares. “Temos com a Argentina um projeto de integração, não de competição”.