A Assembleia Geral Ordinária (AGO) do Sistema Ocepar, realizada virtualmente na última sexta-feira (01/04), encerrou com a presença do presidente do Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Márcio Lopes de Freitas. Ao falar para presidentes das cooperativas do Paraná, que participaram por meio da plataforma Microsoft Teams, e para o público em geral que acompanhou a reunião ao vivo pela TV Paraná Cooperativo, Freitas destacou sua gratidão e reconhecimento ao cooperativismo do Paraná. “O trabalho de vocês é exemplar. Tenho orgulho em representar o cooperativismo do Paraná, um sistema com resultados tão bons e expressivos”, disse.
Momento político – Ao comentar os acontecimentos em Brasília, base de trabalho do Sistema OCB, Freitas disse a política eleitoral já predomina em todos os debates. “Acompanhei a posse dos novos ministros e percebi que os discursos estão eminentemente políticos. O governo, como um todo, está vestido de política. As falas, inclusive do presidente da República, estão num tom mais político do que técnico e objetivo. Os interesses partidários acabam prevalecendo. E um jogo complexo”, comentou.
Cooperativismo – A parte positiva do atual cenário, continuou o dirigente, é o fortalecimento da imagem do cooperativismo. “Os diferenciais do sistema cooperativismo estão mais claros. Isso está começando a prevalecer, facilitando um pouco o processo de negociação, em todos os níveis. Somos uma voz respeitada”, afirmou. Outro aspecto positivo, na avaliação de Freitas, é a escolha técnicas dos substitutos dos ministros que deixaram seus cargos para se candidatar nas eleições de outubro. “Especialmente no Ministério da Agricultura, onde temos uma relação maior, a ex-ministra Tereza Cristina deixou o comando da pasta para concorrer a uma vaga no Senado e em seu lugar ficou o deputado federal Marcos Montes, que já atuava na pasta”, contou.
Fertilizantes – Em sua fala, o dirigente também abordou a questão dos fertilizantes e dos riscos que isso traz para o abastecimento mundial de alimentos. “Este é um tema prioritário. Garantir o fluxo de fertilizantes é garantir o abastecimento de comida. A situação é muito séria. Os Estados Unidos são o maior exportador de alimentos do mundo. O Brasil é o segundo, Rússia e Ucrânia são, respectivamente, terceiro e quarto, sendo que esses dois países, em função da guerra e seus efeitos, não vão conseguir cultivar uma safra cheia. Então, vamos viver um gargalo mundial no próximo ano”, alertou.
Plano Safra – O dirigente encerrou sua fala abordando a questão do plano safra, destacando a dificuldade em elaborar um pacote com recursos suficientes para atender a demanda por crédito num período em que o mundo se vê diante do risco de desabastecimento. “Tem sido cada vez mais complexo discutir o plano safra. E este ano não vai ser diferente. Ano passado, foram disponibilizados R$ 270 bilhões. Isto já foi uma dificuldade tremenda e, mesmo assim, não atendeu a real necessidade por crédito, pois esse valor representa menos de 25% da real demanda. Para este ano, o objetivo é garantir R$ 300 bilhões”, disse.
Escassez – O dirigente ressaltou que está cada vez mais difícil formatar o plano safra porque os recursos estão cada vez mais escassos. “O desafio é como e onde arrumar recursos. Quando levamos a sugestão de valor para o Ministério da Economia, nosso primeiro argumento é que temos que garantir uma safra cheia e que isso não é uma questão só da agricultura e sim de garantir a condição de abastecimento no Brasil e no mundo, visto que o risco de desabastecimento é grande. Isso é um problema global de sustentabilidade de alimentos. A OCB está trabalhando muito para compor um plano safra alinhado com as necessidades do setor produtivo e acreditamos que também dá para construir outras soluções, envolvendo, por exemplo, depósito compulsório, além de outras que as cooperativas e as unidades estaduais, como a Ocepar, estão buscando”, concluiu.