A indústria de alimentação animal no Brasil registrou queda de 3,8% em sua produção no primeiro semestre de 2009, em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado, impactado pela crise econômica mundial, fez com que a produção total recuasse para 27,3 milhões de toneladas.
De acordo com o diretor executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zanni, houve queda no uso de premixes em toda a indústria, o que significa menor utilização de tecnologia para a fabricação de ração animal. “Percebemos que houve uma queda ainda mais acentuada na produção de premixes do que na produção de ração, o que comprova a queda no uso de tecnologia, compensada pelo aumento no consumo de grãos”, afirma o diretor.
Segundo ele, a forte redução no preço do milho permitiu que os produtores comprassem mais grão, compensando parte dos nutrientes supridos pelos aditivos. A queda no uso de tecnologia, porém, pode comprometer a produtividade futura.
Avicultura de corte
A avicultura de corte, que demanda quase 50% da produção nacional de ração, consumiu 12,7 milhões de toneladas no primeiro semestre do ano, 3,4% a menos que no mesmo período de 2008. Com a queda no preço do frango, houve até mesmo desalojamento nos primeiros meses do ano, o que causou certo recuo na demanda por ração. “Sem recuperação no preço do frango, a avicultura de corte certamente continuará demandando menos tecnologia nutricional. Como conseqüência, pode haver queda na produtividade”, explica Ariovaldo Zanni.
Avicultura de postura
Com crescimento de 1% no consumo em relação ao mesmo período de 2008, a avicultura de postura manteve-se estável e foi menos impactada pela crise graças aos bons preços dos ovos no mercado. No total, foram consumidas 2,3 toneladas de ração neste segmento. O alojamento de pintainhas de postura cresceu 14% no semestre, o que mostra uma expansão na produção do setor, que deve impactar positivamente no consumo de ração.
Bovinocultura de corte
Com queda de 10,1% no consumo de ração no primeiro semestre, a bovinocultura de corte também sofreu durante o ano, graças ao descompasso entre os preços da arroba do boi e do bezerro. Os produtores tardam por confinar e consumir rações, concentrados e suplementos, deixando o boi a pasto. O resultado foi uma retração no consumo para gado de corte. No total, foram produzidas quase 1 milhão de toneladas de ração para gado de corte.
Bovinocultura de leite
A produção de ração para a bovinocultura leiteira teve queda de 12,8%, a mais acentuada em todos os setores analisados pelo Sindirações, totalizando quase 2 milhões de toneladas. Os baixos preços do leite no mercado têm desestimulado a produção e também o uso de tecnologia. “Os criadores de gado leiteiro têm sofrido há vários meses com preços muito baixos e importação de leite oriundo da Argentina e Uruguai. O cenário deve se manter até a recuperação do mercado”, afirma o diretor do Sindirações.
Suinocultura
A suinocultura, também impactada pela crise mundial, reduziu o consumo de ração e de tecnologia. O resultado foi uma produção 2,3% menor no semestre, o equivalente a 7,4 milhões de toneladas. “Os bons preços internacionais da carne de porco no ano passado, caíram por conta da queda na demanda mundial”, diz. A suinocultura brasileira exporta aproximadamente 20% da produção. Porém, há uma tendência de recuperação, já que as quantidades embarcadas para o mercado internacional cresceram quase 9% no semestre em relação ao mesmo período do ano anterior.
Outros
Outros setores que registraram queda no período – também causada pelo impacto da crise mundial – foram os de ração para cães e gatos (-2,2%), eqüinos (-4,6%) e outros animais (-9,8%).
De acordo com as estimativas do diretor executivo do Sindirações, apesar de registrar queda em quase todos os segmentos, o setor de nutrição animal deve registrar recuperação no segundo semestre, período em que historicamente há maior demanda. “Acreditamos em um equilíbrio até o fim do ano. A produção de ração deve se manter, com viés de alta”, calcula Ariovaldo Zanni.