Agricultores que trabalham com produção de ovos, estão recebendo pelo produto final menos do que investiram. Um dos fatores mais agravantes foi o aumento de quase 60% no preço dos insumos nos últimos cinco meses.
O produtor José Flávio Rauber trabalha com galinhas de postura há 24 anos, começou com o pai e já criou três filhos com a produção de ovos. Mesmo com todos os anos de experiência, diz que nunca os preços haviam ficado tão baixos como atualmente. São 40 mil aves que colocam de 30 a 32 mil ovos por dia. Para alimentar os animais, são necessários 20 mil quilos de milho por semana e ainda outros insumos como farelo de soja, de trigo ou de arroz, para enriquecer a ração.
“Hoje o nosso custo de uma caixa de ovo, sem lucro, gira em torno de R$ 42 por causa da ração, do preço dos insumos que estão muito elevados. Nos último cinco meses os insumos dobraram o preço de milho que a gente comprava a R$ 19 hoje está na faixa de R$ 28”, relata Rauber.
Para conseguir reduzir alguns custos eles plantaram seis hectares de milho e trabalham com mão de obra familiar. César Rauber fez faculdade de agronomia e depois retornou para o campo para trabalhar com o pai. Ele é o encarregado do gerenciamento da propriedade, compra e vende os produtos. E percebe que outro agravante para a situação dos ovos é a condição do mercado.
“Não existe uma política agrícola para amparar os produtores. Nós estamos entregues a lei do mercado, o mercado que dita as regras e as condições”, comenta o engenheiro agrônomo.
A caixa com 30 dúzias é o padrão de mercado. As contas de custos de produção e venda são feitas a partir desses 360 ovos.
Para os produtores o valor ideal seria que com a venda de 30 dúzias de ovos eles conseguissem comprar duas sacas de milho. Mas com os preços de hoje, de R$ 30 a R$ 35 eles conseguem comprar apenas um. Para atingir esse índice seria preciso vender as mesmas 30 dúzias por 50 reais.
“Quando eu comecei a produzir ovo em 1987 a gente produzia uma caixa de ovo, vendia essa caixa de ovo e comprava três sacas de milho. Hoje a gente vende essa caixa e compra uma saca e sobra o que?”, questiona Rauber.
Segundo o diretor do departamento de produção da União Brasileira de Avicultura, Ariel Mendes, os produtores trabalham no vermelho há dois meses. A expectativa é que com o retorno das férias escolares o consumo venha a aumentar, mas o custo de produção deve permanecer alto.
“Infelizmente o custo tem que ser passado ao consumidor. Vai haver um aumento no preço do ovo, isso é natural. Com um custo de produção muito alto, por esse fator de milho caro. A situação não vai se modificar, mas vai haver uma compensação aos produtores por conta do aumento no consumo”, conclui o diretor.