Os produtores independentes de suínos de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul decidiram ontem (30/07) reduzir em 20% o número de matrizes produzidas nos Estados. O objetivo é diminuir a oferta de animais e fazer com que os preços ao produtor subam, de modo a cobrir os custos de produção da atividade nos três Estados.
Atualmente, o quilo do suíno é comercializado entre R$ 1,70 e R$ 1,90, ma,s segundo Wolmir de Souza, presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), o custo está ao redor de R$ 2,35 por quilo.
A queda dos preços dos suínos no mercado interno, segundo Souza, reflete o mercado internacional, com menor demanda decorrente da crise financeira mundial. Além disso, a valorização do real em comparação ao dólar também reduziu a competitividade do produto brasileiro nos mercados para onde a carne suína é exportada. “O produto que seria direcionado para o mercado externo foi vendido no mercado interno, o que elevou a oferta e derrubou os preços pagos aos produtores”, disse Souza.
O acordo para redução do número de matrizes em produção foi fechado com os produtores independentes dos três Estados. A expectativa é de que o movimento ganhe a adesão também dos produtores que trabalham no sistema de integração com a indústria. “A proposta será levada para a outra categoria, mas em conversas informais eles já demonstraram interesse, já que o valor pago para a indústria também é considerado muito baixo”, afirma Souza.
De acordo com Souza, o setor apostava no aumento das exportações, especialmente de Santa Catarina, devido ao atual status sanitário de livre de febre aftosa sem vacinação. Mesmo sendo reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), alguns países importadores não abriram seus mercados para o produto do Estado.
Além disso, com a crise econômica, os preços praticados no mercado internacional recuaram e essa tendência não deverá ser revertida no curto prazo, segundo estimativas da própria Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). Dados de exportação do mês de junho mostram que os preços recuaram 33% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Para compensar a perda de receita, o setor tentará aumentar o volume exportado. A Abipecs revisou para cima a estimativa de vendas neste ano para 600 mil toneladas, ante 530 mil toneladas exportadas no ano passado e 606 mil toneladas em 2007.