Redação (10/07/2008)- Os líderes das quatro principais entidades do setor rural argentino anunciaram que vão retomar mais uma vez os protestos contra o governo, a partir desta quinta-feira.
Segundo o anúncio, feito nesta quarta-feira, a nova rodada de protestos será realizada até o próximo dia 15 e incluirá um acampamento em frente ao Congresso Nacional e a presença dos produtores à margem das estradas, mas sem bloqueios.
Os protestos do campo argentino vêm sendo realizados desde março, com alguns períodos de trégua, e foram motivados pelo projeto do governo da presidente Cristina Kirchner que prevê o aumento dos impostos sobre as exportações de grãos.
O projeto de lei, lançado em março, foi aprovado no último sábado pela Câmara dos Deputados e deverá ainda passar pelo Senado argentino, com votação prevista para o dia 16.
As manifestações já incluíram bloqueio de estradas e panelaços nas cidades e chegaram a provocar desabastecimento. Os protestos também motivaram a saída do ministro da Economia, Martín Lousteau, e são considerados a maior crise enfrentada por Cristina Kirchner desde que assumiu o poder, em dezembro passado.
Debate
Nesta quarta-feira, as emissoras de TV argentinas transmitiram um debate realizado no Senado sobre os prós e contras do projeto de lei, com a participação dos parlamentares e de economistas, juristas e outros especialistas.
"O texto, como foi aprovado na Câmara, não vai estimular o produtor a investir no cultivo da próxima safra", disse o jornalista e analista do setor agropecuário Héctor Huerco.
O projeto prevê compensações para os produtores de soja e pequenos agricultores até o dia 31 de outubro – ou seja, referente à safra anterior, e não aos próximos investimentos.
No debate, o presidente dos Agentes da Bolsa de Cereais, Mario Marincovich, disse que o aumento de impostos é uma "barreira" que vai "separar a Argentina do mundo inteiro".
O governo argumenta que a medida vai impedir que a alta nos preços internacionais dos alimentos chegue à mesa dos argentinos.
O presidente da Sociedade Rural – uma das quatro principais entidades rurais da Argentina -, Luciano Miguens, disse que o setor analisa a possibilidade de apelar à Justiça caso o Senado também aprove o projeto de lei.