Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Economia

Produtores destravam preços

<p>Câmbio leva produtores a desistir da trava de preços. Enfraquecimento do dólar prejudica negócios no mercado externo.</p>

O dólar enfraquecido frente ao real está diminuindo a competitividade do produtor brasileiro no mercado externo e, sem garantir renda, ele desiste de travar preços.

Segundo análises do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as fortes altas na Bolsa de Chicago nos últimos dias não foram repassadas ao mercado interno devido à queda da moeda norte-americana.

No caso da soja mesmo a manutenção dos preços internacionais em patamares elevados não resultou em melhores negócios no Brasil. Em algumas praças os preços chegaram, inclusive, a apresentar queda. Em Paranaguá, no Paraná, o valor da oleaginosa em reais acumula queda de 0,83% no mês.

“A influência da moeda norte-americana é mais rápida em Paranaguá para, depois, alcançar as demais regiões do País”, afirmou Lucílio Alves, analista do Cepea.

As cotações atuais também estão atuando no que se refere a venda futura. Levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que a comercialização da safra 2009/2010 de soja está com um ritmo bastante inferior ao da temporada passada.

Estima-se que na região, que é a maior produtora do País, 150 mil toneladas tenham sido comprometidas até agora. “Ainda não foram muitas compras de novos volumes, basicamente foram para fixar preços/volumes de compromissos já travados”, de acordo com a análise do Imea.

Para o milho e o trigo a situação é ainda mais grave, já que os preços internacionais também estão depreciados. Com a queda dos preços praticamente inviabilizando a venda futura, produtores dessas culturas têm lançado mão de outras medidas.

Os leilões de opção de venda do governo e a Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) têm tido um apelo maior junto aos agricultores do que os outros mecanismos mais tradicionais de proteção.

No Paraná, principal região produtora de milho e soja, a Federação de Agricultura do Estado (Faep) pede medidas emergenciais do governo federal. Segundo o órgão, os preços pagos ao produtor já estão deprimidos e podem cair ainda mais com a importação do trigo argentino e a entrada do milho do Centro Oeste e da safrinha paranaense.

A solicitação de apoio em caráter emergencial foi feita para o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e os ministros da Agricultura, Fazenda e Planejamento, através de minuta assinada pela Faep, Secretaria de Agricultura (Seab), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaep) e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).

“Hoje, o preço médio pago pelos atacadistas aos produtores é de R$ 27,46 por saca para o trigo e de R$ 15,12 por saca para o milho. Caso não haja intervenção direta do governo para regular o mercado, a situação tenderá a piorar”, disse o documento.

Na BM&F/Bovespa a insegurança e insatisfação em relação às cotações fizeram o volume dos contratos futuros agropecuários recuarem 44%, sendo que o volume financeiro, em dólares, caiu mais da metade, de US$ 5,5 bilhões para US$ 2,03 bilhões. Os contratos de soja recuaram de US$ 304,8 milhões para US$ 142,5 milhões enquanto o volume financeiro dos papéis de milho caíram de US$ 422,7 milhões para US$ 136,5 milhões.

Novos mecanismos – O Banco do Brasil (BB) lança essa semana um instrumento para a proteção do produtor rural no mercado externo. A ferramenta, que será on-line é uma extensão do Termo de Moedas e visa reduzir os riscos da variação cambial na comercialização de commodities e insumos agrícolas.

O mecanismo, que antes era disponibilizado apenas para pessoa jurídica poderá ser acessado por agricultores com o valor mínimo de R$ 5 mil e sem limitação.

João Vagnes de Moura Silva, gerente executivo da área de Finanças do BB, explicou que o produtor tem a necessidade de se proteger contra as variações nos preços da moeda estrangeira em que realiza seus negócios, como o dólar, principalmente.

“Ao contratar o produto Termo de Moedas ele fica protegido dessa eventual queda na taxa de câmbio. O termo garante a previsibilidade do fluxo do produtor”, explicou. “Ele vai ficar protegido financeiramente dessas oscilações de preço do mercado”, afirmou.