No Vale do Taquari, na região central do Rio Grande do Sul, produtores de diferentes cidades, no inicio dos anos de 1990, implantaram com sucesso uma ideia que nasceu em Santa Catarina: os chamados ‘condomínios de suínos’, Unidades Produtoras de Leitão (UPLs) tocadas por produtores associados.
Embora a ideia não tenha vingado no estado vizinho, no Rio Grande do Sul, ela foi incentivada e implantada pela Cooperativa dos Suinocultores de Encantado (Cosuel), proprietária da marca Dália Alimentos, e se mostrou uma excelente alternativa para os pequenos produtores familiares. Atualmente, 40% das 22 mil matrizes da empresa estão localizadas em sete condomínios espalhados pela região. Mais de 100 produtores estão envolvidos. A Cosuel abate 2,5 mil animais por dia e produz mais de 140 itens derivados da carne suína.
Todo condomínio tem presidente, vice-presidente e tesoureiro eleitos, assim como estatutos. Embora seja cooperada, cada associação funciona como uma empresa, onde todos os produtores tem uma cota. “Independentemente do tamanho da cota do associado, todo produtor tem voto com peso igual nas decisões”, explica o supervisor do Setor de Suinocultura da Dália Alimentos, Rony Carlos Giongo. A Cosuel fornece ração e assistência técnica.
Segundo Igor Estevan Weingartner, gerente da divisão de produção agropecuária da Cosuel, o modelo de condomínio tem problemas, mas é muito eficaz, principalmente para os pequenos produtores. “Eles sabem que o modelo atual está acabando, que sozinho não é possível fazer muita coisa. E eles sabem que a cooperativa está pensando no futuro, que quer crescer. E isso é um fator motivador. Tem discussão, divergências, isso existe. Mas é o modelo em que nós apostamos”, afirma. “Concentrado tudo no mesmo local, os custos da produção, de logística também diminuem”, complementa Giongo.
Em Anta Gorda, cidade localizada no Vale do Taquari, os suinocultores Clóvis Pinsetta e Ademir Cussioli fazem parte do condomínio Pedro Canton, onde outros seis produtores são sócios numa UPL com 1,1 mil matrizes. “Nós começamos em 18 produtores. Mas foi difícil. As pessoas não acreditaram, queriam retorno imediato e foram saindo, vendendo as cotas. Ficamos em oito”, conta Pinsetta. O condomínio tem sete funcionários.
A propriedade em que está à granja foi doada pela prefeitura da cidade. “Para formar a mesma estrutura que temos é preciso um investimento de R$ 4 milhões. Um produtor pequeno não tem esse volume. Como associação, nós temos mais facilidade para acessar crédito. O grupo sempre tem mais força, inclusive nas crises. O impacto é menor”, diz Cussioli. Outra vantagem, diz, é a chance de poder se afastar um pouco da atividade. “Sempre vai ter alguém cuidando, que vai poder substituir. Isso aqui funciona quase como uma aposentadoria”, conclui.