Partindo do abate inspecionado de frangos divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Apinco reavaliou suas próprias projeções sobre a produção brasileira de carne de frango. Detectou alterações que levaram a nova avaliação dos resultados divulgados e à alteração dos números relativos aos sete primeiros meses de 2010.
Pela nova projeção, a produção brasileira de carne de frango entre janeiro e julho deste ano ficou próxima dos 7,050 milhões de toneladas (a projeção anterior apontava 6,822 milhões de toneladas), apresentando aumento de 15% sobre o mesmo período de 2009.
A alteração decorre, fundamentalmente, da detecção de índices mais elevados de produtividade do frango, substancialmente maiores no segundo trimestre do ano. E como esses padrões tendem a se manter no corrente semestre, a produção deste exercício deve superar os 12 milhões de toneladas, podendo ultrapassar em mais de um milhão de toneladas (+10%, aproximadamente) o volume registrado em 2009.
A ressaltar que essa expansão ocorre em momento oportuno, pois cobre o déficit no abastecimento da carne bovina. Aliás, consideradas as atuais condições de mercado, conclui-se que o incremento vem sendo insuficiente para atender a demanda crescente.
Antecedentes – Há quase 30 anos (desde 1981) a Apinco projeta, a partir de seus levantamentos mensais de alojamento de pintos de corte, a produção brasileira de carne de frango.
Atualizados continuamente em função dos ganhos de produtividade do frango, os números projetados pela Apinco são, habitualmente, confrontados com aqueles relativos ao abate inspecionado, divulgados posteriormente pelo IBGE. Historicamente, tem-se observado grande congruência entre eles.
Isso, porém, não ocorreu quando foram anunciados (final de setembro passado) os dados do abate inspecionado do segundo trimestre do ano: o resultado apontado pelo IBGE indicou, para o frango inspecionado, peso médio significativamente superior não só aos valores anteriores do próprio IBGE, como também aos padrões mais recentes adotados pela Apinco. Por quê?
Procurada a origem desse aumento de peso, constatou-se que ela vem desde abril de 2010 – não por coincidência, com certeza, a partir do momento em que ficou proibida no País a produção de frangos levemente temperados.
Tudo indica que, para manter o mesmo volume de produção obtido até então com o frango “aditivado”, desde abril a indústria vem estendendo o tempo de criação (dois ou três dias a mais são suficientes) para aumentar o peso médio da ave, procedimento detectado no levantamento do IBGE, que reúne dados do SIF e das inspeções estaduais e municipais.
Aplicados à produção de pintos de corte apenas parcialmente (já que uma pequena parte dos abates brasileiros permanece sem qualquer tipo de inspeção oficial ou, então, a ave é adquirida viva pelo consumidor), os dados do IBGE levaram aos novos números ora apresentados pela Apinco.