Da Redação 20/04/2004 – 05h12 – As negociações do acordo de livre comércio com a União Européia, ontem (19/04), em Buenos Aires, frustraram as expectativas do Mercosul. Os europeus se limitaram a expor verbalmente e de forma superficial sua oferta na área agrícola, comprometendo-se a fazer a entrega formal da proposta detalhada na sexta-feira. Não cumpriram, portanto, a promessa de apresentar uma proposta “ambiciosa” ao Mercosul, que já entregou sua oferta na sexta-feira, incluindo aumento de concessões nas áreas de bens industriais, investimentos e serviços.
Já se sabia que os europeus não estariam dispostos a reduzir tarifas para os produtos agrícolas e agroindustriais, mas apenas a ampliar o acesso ao seu mercado por meio de cotas. Os volumes citados por eles, porém, foram considerados insuficientes.
Em Genebra, o diretor-geral-adjunto da OMC, o brasileiro Francisco Thompson Flores, advertiu que “se Brasil e Argentina aceitarem um acordo nas condições que estão sendo anunciadas, o Mercosul vai legitimar a Política Agrícola Comum (PAC), paralisar as negociações na OMC e pôr em cheque o G-20”. Para ele, o acordo regional envolvendo liberalização basicamente por meio de cotas, além de limitado, terá influência negativa nos outros dois pilares da negociação agrícola global – em subsídios à exportação e apoio doméstico (subsídios à produção e à comercialização).
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Fontes diplomáticas disseram ao jornal Valor Econômico que a decisão de entregar a oferta do Mercosul sem que a UE tenha feito o mesmo foi tomada para atender um pedido brasileiro. A avaliação do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, seria de que a apresentação unilateral da oferta demonstraria a forte disposição em concluir o acordo.
