Redação (12/03/2009)- A carne de frango é um dos produtos brasileiros mais afetados pelas políticas protecionistas adotadas por muitos países, afirmou ontem o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Frango (Abef), Francisco Turra. "Tivemos queda de 5,2% no volume de vendas." Os resultados são referentes ao primeiro bimestre de 2009, comparados com o mesmo período do ano anterior.
Segundo dados divulgados pela Abef, a receita cambial caiu 28,2%, se for comparada com os números de 2008. Nos países da União Européia, por exemplo, a queda representou 6% no volume das vendas e 22% a menos na receita cambial.
Turra ressaltou que o continente sul-americano está agindo segundo preceitos econômicos de priorizar o que produz antes de comprar qualquer produto estrangeiro. "Essa tem sido uma de nossas maiores dificuldades. Além de problemas com a instabilidade do câmbio e com o preço das commodities (produtos básicos com cotação internacional), como o milho e a soja, enfrentamos barreiras com as cotas, regras sanitárias e tarifas específicas para o frango".
De acordo com a Abef, a Europa é o quarto maior produtor de frango do mundo e está querendo aprovar uma regra exigindo que os produtos sejam feitos com carne de frango fresco. "Assim o frango congelado que vem do Brasil ficará de fora", afirmou o diretor executivo da associação, Christian Lohbauer.
Nas exportações para a África, a queda de 6% também está relacionada a exigências de novos exames. "Não queremos a exportação irregular, mas sim descomplicar os processos"", afirmou Turra. ""Esse protecionismo é uma guerra que começa a acontecer."
Apesar da queda em certos mercados, a Abef propõe "um crescimento ousado" de 5% para este ano em comparação com 2008. "A abertura do mercado chinês está quase completa, e a Argélia abriu o mercado para produtos cozidos", disse Turra. Para a associação, apesar da queda de 11% no volume das vendas, a Ásia ainda é um mercado promissor.
"Esperamos exportar 500 mil toneladas de carne de frango para a China", afirmou Lohbauer. No Oriente Médio, a perspectiva também é positiva: depois da Feira de Dubai (maior cidade dos Emirados Árabes Unidos), os empresários vêem uma possibilidade de recuperação do mercado. "Nessa região, as vendas caíram 4%", disse Turra.
Além das barreiras protecionistas, a Abef ressaltou a necessidade de queda dos juros para as cooperativas e de maior concessão de crédito. "Vemos notícias de que há crédito, mas ele não chega à ponta", contou Lohbauer. Segundo ele, empresas com excelente reputação no mercado e bons balanços estão pedindo empréstimos para fazer o capital girar, sem sucesso. "Ninguém está querendo fortunas, mas nem assim consegue."