A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), aponta que a pecuária mundial responde por 26% de todas as terras aráveis para pastagens, 35% das terras aráveis para produção de rações, 58% de toda a biomassa produzida pelo homem, 8% da água doce, 13% de toda a energia na dieta humana, 25% da proteína e 1,5% do PIB mundial. Segundo a WWF, a pecuária bovina ocupa 60% das terras utilizadas para produção de alimentos e 1,3% de todas as calorias utilizadas na alimentação humana.
Com todo esse potencial de produção e as perspectivas de aumento no consumo de proteína animal, o gerenciamento sustentável é indispensável em todo o processo da cadeia produtiva. Nesta entrevista, o presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados de SC (SINDICARNE), Clever Pirola Ávila, apresenta um panorama da pecuária no Brasil no mundo e destaca as ações necessárias para o gerenciamento sustentável.
Quais são as perspectivas de exportação mundial de proteína animal para os próximos anos?
Clever Pirola Ávila- De modo geral, as de carne alcançarão 30 milhões de toneladas em 2020, um aumento de 16% sobre o período base. O crescimento esperado no consumo 2011/2020 é de aproximadamente 60 milhões de toneladas, com destaque para a Ásia com 56%, seguida pela América Latina com 18%, América do Norte 8%, Europa e África com 7% e os demais com 4%.
Na sua opinião, o que é necessário para redução de custos para a indústria e para a sustentabilidade no contexto social?
Ávila- Precisamos fazer mais e melhor. É preciso que tecnologia (buscando inovação e pioneirismo) e terra sejam aliadas no crescimento da produção de alimentos. Além disso, o governo, a sociedade civil e as organizações internacionais devem repensar conceitos pré-concebidos e a preservação de florestas deve ser algo importante e valioso.
Com as perspectivas de crescimento na produção de proteína animal, que ações são prioritárias para o gerenciamento sustentável?
Ávila- Existe uma infinidade de ações fundamentais para o gerenciamento sustentável da proteína animal. Destacamos entre as principais iniciativas a adoção de medidas como a redução de uso de embalagens; reutilização de resíduos sólidos; compostagem dos animais mortos; produção de biodiesel a partir de gordura animal, miúdos não comestíveis e carcaças condenadas; granjas abertas visando reduzir o uso de eletricidade, coleta seletiva para reciclagem; compensação através de plantio de árvores nativas em áreas degradadas própria dos produtores integrados, fazendeiros e fornecedores; participação efetiva como membro do Grupo de Trabalho da Pecuária e do Grupo de Trabalho do Couro; compromisso público sobre Produção Pecuária no Bioma Amazônico junto ao Greenpeace; pacto para a sustentabilidade com Walmart; e compromisso público para a erradicação do trabalho escravo com o Instituto Ethos, entre outros.
Quais são as demais práticas que visam a preservação ambiental?
Ávila- O sistema de biodigestores para o tratamento de efluentes e resíduos sólidos orgânicos, que reduz emissões equivalentes de CO2 por ano e ainda produz energia é uma medida importante. O tratamento, purificação e reuso de efluentes líquidos resulta em água reutilizada no processo industrial e na eficiência de remoção dos agentes de poluição. Outras iniciativas importantes estão relacionadas ao monitoramento georreferenciado dos produtores, visando o controle do desmatamento e invasão de terras indígenas. O controle para evitar trabalho escravo análogo e desmatamentos são importantes. O cadastro para licenciamento ambiental; processos de bem-estar animal validados pelo Governo Federal e World Society for de Protection of Animals; entre outras.