É no mínimo contraditório, pra não dizer intrigante, o comportamento brasileiro em relação ao agronegócio.
Não gostaria de trazer novamente os lamentos da atividade suinícola, mas expor um contraste inclusive sobre um dos termos mais usados quando se fala em trabalho e renda – que é a “agregação de valor” ou venda de produtos de valor agregado.
Sei e respeito a famosa lei da “oferta e procura”. Sei também que a estiagem que se instalou no território brasileiro e em outros países da America do Sul trouxeram perdas significativas na produção de grãos. No entanto, o que não dá pra admitir é sonhar que vamos exportar carne suína pra China e alimentar seu rebanho com soja e derivados brasileiros enquanto, por preço e falta do produto, deixamos de alimentar nossa produção.
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Preço de suíno em baixa é apenas um item relevante, mas quase insignificante em um cenário de preço onde a tonelada de farelo de soja está batendo a casa dos R$ 1000,00. E o que é ainda pior – a soja sendo comercializada a R$ 52,00 a saca para entrega em junho de 2013, uma safra ainda longe de ser plantada. Isso nos garante que tais preços vieram pra ficar.
Não acho injusto para quem planta, que igualmente merece ser remunerado, mas é inaceitável vender proteínas de origem vegetal quando poderíamos exportar proteínas de origem animal, com valor agregado – linguajar muito usado por este governo.
Estou me referindo a carne suína, pois esta é minha identidade e meu Estado [Santa Catarina] tem este objetivo em relação a China, mas a catástrofe também atinge o setor de frango, igualmente vítima deste processo impensado e antieconômico. Ao mesmo tempo que se espera a abertura e os embarques de carnes para a Cina, alimenta-se seu plantel com insumos brasileiros, sacrificando o setor produtivo nacional, que fica sem alternativa para alimentar seu plantel.
Precisamos saber de fato o que este governo espera destes setores antes que estes pilares da economia Brasileira passem a ser vilões.
Wolmir de Souza é Presidente Instituto Nacional da Carne Suína (INCS)
