Queda da soja

A colheita de uma safra recorde na América do Sul e a recomposição dos estoques norte-americanos vão derrubar o preço da soja na próxima temporada. A cotação internacional do grão, que desde o início do ano se sustenta acima dos US$ 9 o bushel (27,2 quilos), deve cair abaixo deste patamar no ciclo 2010/11. Levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indica que o preço médio da oleaginosa deve recuar 7%, de US$ 9,45 na temporada 2009/10 para US$ 8,80 em 2010/11. A estimativa, feita na semana passada durante o Agricultural Outlook Forum, em Arlington, na Virgínia, considera a média das cotações projetadas para o ano comercial norte-americano, que vai de setembro de 2010 a agosto de 2011.

Na avaliação do USDA, a colheita de safras cheias nas Américas do Sul e do Norte no ciclo atual vai acirrar a disputa por mercados externos e pressionar os preços da soja. A previsão é sustentada também pela melhora no balanço entre oferta e demanda nos EUA. A relação entre estoque e consumo, um termômetro da disponibilidade de produto, será mais folgada na safra 2010/11. O índice deve subir de 6,4% na temporada atual para 10,5% no próximo ciclo, nível considerado confortável, principalmente se comparado ao de dois anos atrás.

Em 2008/09, essa correlação recuou a 4,5% e levou os preços da soja a patamares recordes no mercado internacional. Em meados de 2008, o bushel do grão alcançou US$ 16,58 na Bolsa de Chicago. No Brasil, o preço da saca ultrapassou os R$ 50, justamente no ciclo que o País colhia a sua maior safra de soja da história até então. Naquele ano, a produção brasileira do grão ultrapassou pela primeira vez a marca das 60 milhões de toneladas. Na temporada atual, após a quebra do ano anterior, a safra nacional volta a crescer, com potencial para mais de 65 milhões de toneladas. As cotações ao produtor, contudo, não são tão boas quanto há dois anos. Hoje, os preços internos estão na casa dos R$ 33 no Paraná.