A Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (Aped) disse que a redução de preços da carne suína “resulta de uma conjuntura europeia desfavorável e que se tem acentuado ao longo do ano”, respondendo assim às críticas dos suinicultores.
No sábado, cerca de 200 suinicultores juntaram-se frente ao Pavilhão de Portugal, em Lisboa, para chamar a atenção da opinião pública e acusaram as grandes superfícies de não estarem a cumprir a obrigação de identificar a origem da carne e revoltaram-se com o facto de ser sempre a carne de porco a servir de chamariz para as promoções.
Perante estas acusações, a Aped, que representa os supermercados e hipermercados, alertou que a baixa de preços da carne suína é uma situação que tem acontecido por toda a Europa e que uma das causas é o “embargo russo aos produtos europeus”.
A associação indica que o setor da distribuição não é o único a contribuir para a “formação dos preços” da carne de porco e que, pelo contrário, “sempre procurou apoiar os produtos e fornecedores portugueses”, concordando que o setor dos suínos “precisa de uma estratégia que promova a excelência da carne de porco nacional e a procura de novos mercados”.
“O setor dos suínos tem vindo a passar, em 2015, por um período de queda generalizada de preços em toda a União Europeia, ao mesmo tempo que as estimativas de produção aumentam”, adiantou a Aped, acrescentando que em Portugal a situação é semelhante.
“Em Portugal, de acordo com dados do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP), do Ministério da Agricultura e do Mar, publicados em 29 de novembro, a cotação média nacional do porco (classe E) voltou a cair em relação à semana anterior (dois cêntimos/kg), pela 13ª semana consecutiva. Em relação à semana homóloga do ano anterior, a variação percentual foi de -15,8%”, explica a associação.
E a questão é que, segundo a Aped, este decréscimo de cotação “não tem correspondido uma diminuição no abate de suínos para consumo”, que de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, e em comparação com o mesmo período do ano passado, o número de suínos abatidos e aprovados para consumo público aumentou todos os meses entre janeiro e agosto deste ano, sendo o nível mais alto em junho de 13,1%. João Correia, um dos promotores da iniciativa de sábado, Portugal é deficitário na produção da carne de porco, mas os suinicultores têm dificuldade em escoar o produto.
O suinicultor queixou-se também do baixo preço que é pago aos produtores, explicando que os custos de produção ascendem atualmente a 1,50 euros por quilo, enquanto esse mesmo quilo é vendido a 1 euro. Depois da concentração, os suinicultores, que envergavam t-shirts com um desenho de um porco e o apelo “Coma o que é nosso”, dirigiram-se ao hipermercado do Centro Comercial Vasco da Gama para fazer uma ação de sensibilização junto da população.
No hipermercado compraram embalagens de carne de porco nacional e espanhola para mostrar à população que, quer em termos de preço ou de qualidade, valia a pena comprar o produto nacional.