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Reação da soja

<p>Com preços mais atraentes no mercado internacional, o produtor brasileiro aposta na soja para o ciclo 2009/2010.</p>

Agosto começou agitado para o mercado de grãos na Bolsa de Chicago (CBOT). Desde o início do mês, as cotações internacionais da soja e do milho acumulam alta de, respectivamente, 3% e 2%. Com o resultado, recuperam o parte terreno perdido em julho, quando caíram 8% e 2%, e complicam a decisão de plantio do produtor brasileiro. Faltando um mês para o início do plantio da safra 2009/10 no país, a relação de preço entre soja e milho, um dos fatores considerados na hora de definir o que plantar, dá ampla vantagem para a oleaginosa, e incentiva o agricultor brasileiro a investir nessa cultura.

Os números oficiais ainda não saíram, mas as estimativas iniciais indicam que o Brasil irá reduzir consideravelmente a área de milho de verão para apostar na soja na safra 2009/10. No Paraná, conforme projeções informais calculadas com base no ritmo da comercialização de sementes, o cereal deve perder entre 20% e 30% da sua área para a oleaginosa.

A explicação para a migração de área vem do Hemisfério Norte. Desde o final de março, quando os Estados Unidos anunciaram que plantariam no ciclo 2009/10 a sua maior área de soja da história e a segunda maior área de milho, os preços da oleaginosa subiram 23%, enquanto os cereal recuaram 14% na CBOT. Na época, a relação de preço entre as duas commodities na CBOT era de 2,4, índice considerado normal. Hoje, uma saca de soja vale, em dólar, 3,4 vezes mais que uma saca de milho.

Ontem, o primeiro vencimento da oleaginosa (agosto/09) encerrou os negócios com alta de 10 pontos, valendo US$ 11,73 o bushel (27,2 quilos), ou US$ 25,88 a saca de 60 quilos. Já o contrato setembro/09 do cereal, com queda de 7,5 pontos no dia, recuou a US$ 3,47 o bushel (25,4 quilos), o equivalente a US$ 8,20 por saca. Nesta mesma época do ano passado, a soja valia 7% e o milho tinha preço 34% mais alto.

“Agosto é o mês chave para a definição da safra norte-americana e, por isso, também é muito importante para o planejamento da estratégia do produtor brasileiro”, afirma o analista da Cerealpar, Steve Cachia.

Com maior liquidez e mais rentável, a soja terá preferência do produtor brasileiro na próxima safra de verão, que começa a ser semeada no mês que vem. Mas é preciso tomar cuidado. Se investir demais na soja, o produtor brasileiro pode ter problemas na época da comercialização, alerta Cachia. “Argentina e Paraguai, que assim como o Brasil tiveram suas safras frustradas pela seca no ano passado, vão voltar para o mercado”, explica. Com o clima favorável, juntos esses três países têm potencial para produzir mais de 120 milhões de toneladas. “Mesmo firme, não tem demanda que absorva tudo isso”, considera o analista.

Além disso, é preciso considerar também a competição com o produto norte-americano, acrescenta Pedro Collussi, analista da AgraFNP. “Com a quebra da safra argentina e a antecipação dos embarques brasileiros, há pouca soja disponível para ser comercializada nos próximos meses. Como a colheita da nova safra começa em setembro nos EUA, eles devem dominar o mercado exportador até fevereiro”, prevê.

Segundo ele, os norte-americanos exportaram nos primeiros seis meses da temporada 2008/09 cerca de 22 milhões de toneladas de soja. Com menos competição da América do Sul, os embarques americanos podem ultrapassar 25 milhões de toneladas entre setembro de 2009 e fevereiro de 2010. “Isso é ruim para o Brasil porque limita nosso potencial de exportação. Tradicionalenete, exportamos cerca de 6 milhões de toneladas durante esse período”, diz Collussi.