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Receita com exportação de frango pode cair

O excesso de oferta no exterior provocou queda nos preços.

Redação AI 19/08/2002 – Excesso de oferta no exterior reduziu preços das aves; embarques brasileiros devem recuar 24%, para US$ 1,1 bilhão. As exportações brasileiras de frangos devem somar 1,25 milhão de toneladas este ano, movimentando US$ 1,1 bilhão, segundo cálculos da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef). Os números apontam volume 8% menor e receita 24% inferior às projeções iniciais da entidade, que indicavam vendas externas de 1,35 milhão de toneladas e receita de US$ 1,45 bilhão no período.

“Revisamos as projeções após analisarmos a performance do primeiro semestre. Há excesso de oferta no mercado internacional e conseqüente queda nas vendas do Brasil”, diz Cláudio Martins, diretor-executivo da Abef. Em relação ao desempenho do ano passado, de 1,26 milhão de toneladas (US$ 1,33 bilhão) as vendas externas se manterão em patamares praticamente inalterados.

Novas regras

Além dos problemas conjunturais, o Brasil enfrenta também questões pontuais nos mercados europeu e russo, terceiro e quarto maiores compradores de frangos brasileiros. As vendas para a União Européia, por exemplo, tendem a cair a partir de outubro, quando entra em vigor regulamentação que aumenta o teor de sal no cortes de frango e muda sua classificação do produto. Com isso, o teor de sal nos cortes subirá de 1,2% a 1,5% para 1,9% enquanto a tarifa de importação crescerá de 15,4% para 70%.

No primeiro semestre as exportações de cortes de frango do Brasil para a Europa somaram 117 mil toneladas, volume 1,8% maior que as vendas entre janeiro e junho de 2001. “A regulamentação atinge 85% das nossas vendas para a Europa. Por isso, acreditamos que pode haver forte retração nas vendas para os mercados europeus a partir de outubro.”

Algumas alternativas, entretanto, já são consideradas pelos exportadores. A Doux Frangosul, terceira maior exportadora do País, por exemplo, pretende desviar parte da produção “in natura” para industrializados, cujas exportações brasileiras cresceram 21% no primeiro semestre do ano. A empresa, que encerrou o ano passado com vendas externas de 250 mil toneladas de aves e suínos, movimentando US$ 250 milhões, projeta crescimento entre 5% a 10% no volume a ser embarcado este ano.

“É necessária uma grande flexibilidade industrial para que realizemos correções de rumo a cada instante, de acordo com as mudanças do cenário internacional”, avalia José Augusto Lima de Sá, diretor-presidente da Doux.

Formação de estoques

O executivo acredita que O Brasil vai definir sua área no mercado internacional durante os próximos três anos. “Havia uma grande expectativa em relação às vendas de 2001, que cresceram 38% sobre 2000, mas não existe tendência de crescimento da ordem de 25% ao ano. Não há fôlego para isso, uma vez que o crescimento dos últimos dois anos foi a partir de uma base pequena.” Como até outubro as vendas para a Europa estão liberadas, pode haver formação de estoque nos países europeus para ser escoado no último bimestre do ano, “e dessa maneira o maior impacto seria na Europa e não no Brasil, uma vez que as exportações cairão a partir de 2003, o que pode provocar aumento de preço para o consumidor europeu”, diz.

As empresas exportadoras estudam também a possibilidade de transferir parte da produção que seria destinada à Europa aos recém-adquiridos mercados da China e do Canadá. “Os primeiros embarques para o Canadá ocorrem ainda este mês”, diz Martins. Essa a estratégia que está sendo utilizada pela Chapecó, sexta maior exportadora do País, para quem, o mercado canadense tem capacidade de absorver 40 mil toneladas/ano de frango desossado.

A Chapecó exporta a 42 países e está modificando o mix de produtos para manter o crescimento. “Aumentamos a produção de cortes especiais, frango desossado e outros produtos de maior valor agregado”, diz o diretor Celso Schmitz. Neste ano a empresa planeja embarcar 90 mil toneladas de aves para o exterior, ou cerca de US$ 100 milhões, crescimento de 14% sobre 2001.