Se para o segmento de bovinos 2012 tem sido um ano de mais equilíbrio, não faltaram sobressaltos na área de frango, como lembram representantes de empresas e associações que participam da Feira Internacional da Alimentação (Sial), em Paris. A escalada das cotações de milho e soja a patamares recordes no mercado internacional, por causa da severa estiagem que derrubou a colheita americana nesta safra 2012/13, elevou os custos das empresas produtoras no Brasil num momento em que a demanda internacional patinava e a oferta de frango seguia firme.
“A exportação no primeiro semestre foi difícil. Houve queda de preços [do frango] nos mercados do Oriente Médio e do Japão e depois a alta dos grãos”, afirmou Antonio Augusto de Toni, vice-presidente de mercado externo da BRF – Brasil Foods. David Palfenier, CEO da Seara Brasil e principal executivo operacional (COO) da Seara Foods, do grupo Marfrig, acrescenta que importadores do Japão também ficaram superestocados no primeiro semestre depois de terem elevado as compras após o tsunami que atingiu o país em março de 2011. Isso ajudou a derrubar demanda e preços no país.
Diante desse cenário adverso, a expectativa é que o Brasil encerre 2012 com exportações praticamente estáveis em volume (queda ou aumento de 1% nos volumes) em relação a 2011, quando somaram 3,985 milhões de toneladas, segundo a União Brasileira de Avicultura (Ubabef). A receita deverá registrar uma redução de 7%, informou o presidente da entidade, Francisco Turra, que também acompanha a Sial. Em 2011, as vendas externas de frango do Brasil renderam US$ 8, 2 bilhões.
Turra avalia que a valorização do dólar em relação ao real ajuda o segmento, mas se mostra bastante preocupado com a disparada dos grãos, matérias-primas que mais pesam no custo do frango. “Os preços devem continuar altos até que os estoques mundiais [de grãos] sejam recompostos”, afirmou ele.
O problema, compara Palfenier, é que “os preços dos grãos sobem de elevador e os do frango, de escada”. Segundo ele, que engrossa o time de brasileiros na Sial, os preços da ave em dólar estão defasados em comparação com os do ano passado. O custo, contudo, aumentou. “Os grãos estão cedendo, mas os preços vão recuar gradativamente”, disse.
No caso da carne bovina, cuja produção é basicamente a pasto, a expectativa é de crescimento de 10% nos volumes exportados este ano. Em 2011, foram 1,097 milhão de toneladas, conforme a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Para a receita, a previsão é que “empate” com os US$ 5,375 bilhões do ano passado, de acordo com Antonio Camardelli, presidente da entidade. Segundo ele, o dólar nos níveis atuais “não é predatório” para as vendas externas. Mas o ideal para os exportadores, disse, seria R$ 2,20.
Já o presidente da Rodopa, Sergio Longo, considera que com a moeda americana entre R$ 1,90 e R$ 2,10 a exportação de carne bovina já é competitiva. Para ele, o que permitiu o maior equilíbrio no segmento de bovinos este ano foi a “equalização de oferta e procura” de gado. “O planejamento foi mais estável pois os preços não tiveram tanta oscilação”, afirmou.