Tudo indica que a fórmula da recuperação usada estrategicamente por suinocultores e indústrias para enfrentar o período de turbulência está dando certo. A retomada após a crise econômica, associada ao aumento de vendas em volume e à redução da produção, acabou resultando em melhores preços pagos aos produtores.
Após quase um ano de dificuldade, os produtores do Rio Grande do Sul estão mais confiantes. É o caso de Ilanio Pedro Johner, de Cruzeiro do Sul (RS). O criador trabalha principalmente com suínos para reprodução, e teve as vendas reduzidas pela metade, 60 animais por mês, mas já sente o mercado mais aquecido. “A venda de reprodutores melhorou no último mês, pois os produtores estão comprando de novo. Mas está tudo muito lento. Ainda estamos trabalhando sem lucro”, diz Johner.
Para Mauro Antônio Gobbi, de Rondinha, que vendia cerca de 10 mil suínos por mês, essa foi a pior crise em quase 30 anos. No caso dele, que vende suínos para o abate em frigoríficos, a situação permanece complicada. “Hoje, o custo de produção do suíno fica, em média, em R$ 2,30, o quilo, enquanto o preço de venda está em torno de R$ 2,10. Ou seja, já está melhor, mais ainda não dá lucro”.
A maior expectativa, especialmente para as indústrias, também afetadas pela crise, está nos próximos três meses, com a chegada do final do ano, período que sempre exige uma demanda maior tanto no mercado interno quanto no externo. “Essa reação precisa acontecer agora”, diz o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips), Osmildo Pedro Bieleski.
A aprovação de um decreto que isenta, por 90 dias, o pagamento de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na venda interna da carne suína fresca, congelada ou resfriada e na interestadual de suínos vivos, anunciada no final de agosto, também trouxe alento. Embora, pondera o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Estado (Acsurs), Valdecir Folador, a exportação chegue a quase 70% da produção. A polêmica é que o decreto acabou suspendendo o Programa Pró-Produtividade Agrícola, que gerava benefícios fiscais para ampliar a produção. “Em uma época de crise, é incoerente dar incentivo para o aumento da produção, pois o excesso de oferta é um problema”, justifica Folador, reforçando que a medida é temporária.