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Economia

Recuperação dos lucros à vista

<p>Empresas ligadas ao mercado interno devem ter resultados melhores que os produtores de commodites. Analistas esperam recuperação de lucros.</p>

Se o segundo trimestre marcou o início da recuperação dos resultados das empresas, é esperada a intensificação desse movimento entre julho e setembro. A expectativa dos analistas ouvidos é que haja um forte crescimento das receitas e dos lucros. A recuperação, porém, não acontecerá de forma homogênea. As empresas ligadas ao mercado doméstico devem liderar a retomada. “O mercado interno deve apresentar os melhores resultados”, afirma José Góes, analista da corretora Alpes.

Para a corretora Ativa, as empresas que devem apresentar os melhores resultados em julho, agosto e setembro são a Totvs (tecnologia), a Marfrig (alimentos), a Lojas Renner e a B2W (varejo), a Tegma (logística), a Açúcar Guarani (sucroalcooleiro), a CCR (concessões rodoviárias) e a Visanet (serviços financeiros). Em comum a todas está o fato de terem a maior parte de suas receitas com origem no Brasil.

Grande parte do bom desempenho do país em meio à crise financeira global veio de medidas econômicas implementadas pelo governo federal, segundo o analista Pedro Galdi, da corretora SLW. Para ele, a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e eletrodomésticos é um exemplo bem sucedido que garantiu boas vendas a estes segmentos durante o pior período da crise.

Além disso, a forte presença do BNDES e dos bancos estatais (que acabaram substituindo a falta de crédito internacional) juntamente com políticas sociais também contribuíram para este cenário promissor. “De modo geral, é esperado uma melhora gradativa mês a mês para as empresas”, disse Marcelo Varejão, da corretora Socopa.

Para Góes, este terceiro trimestre está garantido por uma série de fatores: expansão de crédito; aumento do consumo das famílias; leve recuperação do emprego; volta de contratação pelas indústrias e reajuste dos estoques. “Isso gera um ciclo virtuoso e faz com que o lucro das empresas se tornem mais robustos”, afirmou ele.

Alimentos – Para os analistas, o volume de vendas dos alimentos e a margens devem continuar progredindo nos próximos meses. Em relação ao mercado externo, é esperado para o terceiro trimestre um reaquecimento das exportações, impulsionado pelo retorno das linhas de crédito e da confiança do consumidor.

A consolidação no setor é outro fator que contribui para as projeções otimistas no longo prazo. A fusão entre Sadia e Perdigão, a compra da Seara pelo frigorífico Marfrig e a aquisição da Pilgrim´s Pride e da Bertin pela JBS Friboi são exemplos das boas oportunidades de negócios neste segmento, segundo André Mello, analista sênior da Tov Corretora.

“Isso é ótimo para o setor, pois as empresas reduzem custos, aprimoram sua logística e, dessa forma, ganham valor agregado. Para o consumidor também é positivo. Novos produtos acabam surgindo e a qualidade dos serviços melhora”, disse Mello.

Para a corretora Tov, o grande destaque do mercado de alimentos é o frigorífico JBS-Friboi, o maior de carne bovina do mundo. A companhia já havia feito importantes arrendamentos e, agora, com a aquisição da Pilgrim´s Pride e da Bertin, o seu faturamento deve chegar próximo ao da Vale, em torno de 58,7 bilhões de reais. “Quando as empresas se fundem, os custos operacionais melhoram e, automaticamente, as margens também”, afirmou Mello.

Açúcar e álcool – Segundo a corretora Ativa, a tendência é de alta para os preços do açúcar devido à entrada massiva de investidores no mercado futuro do produto. Os preços internacionais atingiram níveis recordes no primeiro semestre deste ano com a quebra de safra na Índia.

Com relação ao etanol, as fortes vendas de carros flex devem impulsionar a comercialização do combustível no mercado interno, principalmente para o segundo trimestre de 2010. Já as exportações devem continuar limitada pelas barreiras impostas ao combustível produzido no Brasil.

Bancos – As carteiras de crédito dos bancos devem apresentar maior crescimento no terceiro trimestre, de acordo com o economista e diretor Álvaro Bandeira, da corretora Ágora. “Apesar da crise, as concessões de crédito continuam crescendo a uma boa taxa. Para se ter uma idéia houve um aumento de aproximadamente 13% do ano passado para 2009”, afirmou ele.

É consenso entre as corretoras de que os bancos brasileiros estão bem preparados para enfrentar o atual período econômico brasileiro. No entanto, para a corretora Ativa, a inadimplência ainda deve impedir uma recuperação expressiva dos resultados no trimestre.

A corretora ressaltou, ainda, que os bancos privados passarão a atuar de forma mais representativa nos próximos meses. Porém, o Banco do Brasil continuará a se destacar positivamente em função da combinação da forte expansão de sua carteira de crédito aliada a um spread (ganho bruto dos bancos com empréstimos) ainda elevado das operações do banco.

Petróleo – Apesar de os analistas da corretora Ativa acreditarem na recuperação no preço médio do petróleo para o terceiro trimestre, a balança comercial da Petrobras não deve registrar o mesmo desempenho nos próximos meses. Isso é motivado pelo aumento da demanda por derivados no mercado doméstico neste trimestre, o que implicará em aumento das importações.

Além disso, o efeito do ganho na realização de estoques formados com preços mais baixos não virá na mesma magnitude observada nos trimestres anteriores.

Portanto, os analistas em geral projetam que o desempenho da Petrobras, nos meses de julho, agosto e setembro deve ficar próximo ao apresentado no trimestre anterior.