O ano de 2010 deve ser marcado por recuperação das exportações de aves e suínos, que só deverão retornar ao nível pré-crise em 2011. A avaliação é do diretor da BRF-Brasil Foods para o Mercado Externo, Antonio Augusto de Tony, que participou de teleconferência com analistas realizada nesta segunda-feira (1º).
“O ano de 2010 deve ser o ano da recuperação. Em 2011, voltaremos a ter o desempenho do passado”, disse. Mas o executivo já destacou melhoras significativas de mercados importantes para as vendas externas da companhia nos últimos meses.
O Japão, por exemplo, que manteve estoques elevados durante o terceiro e o quarto trimestre de 2009, agora já trabalha com níveis mais próximos do normal, depois de a empresa ter segurado os embarques para aquele país.
Segundo ele, no segundo semestre do ano passado, os japoneses trabalharam com estoques de 145 mil toneladas, enquanto o normal para o país é a armazenagem de 110 mil toneladas de carne de frango, equivalentes a três meses de consumo. “Seguramos os produtos e os estoques caíram para menos de 100 mil toneladas em janeiro, o que está possibilitando que os preços retornem à normalidade, perto dos níveis históricos verificados até 2008”, disse.
Na Rússia, o executivo destacou a negociação de preços para as vendas de suínos. “Colocamos cortes de suínos em patamares (de preço) bem interessantes”, disse. Segundo ele, os preços formados nas negociações com aquele país acabam influenciando positivamente as transações com outros importadores de suínos, como Hong Kong, Cingapura e países da América do Sul.
Ainda em relação à Rússia, Tony destacou o potencial de crescimento das exportações de carne bovina. Em contrapartida, as perspectivas não são muito favoráveis para o comércio de frango. Em resposta ao projeto russo de substituição de importações, a produção local de aves cresce 15% ao ano e a cota daquele país destinada às importações do Brasil caiu para 17 mil toneladas. “Já contávamos que a Rússia seria um mercado limitado no futuro para as nossas exportações. Por isso desenvolvemos algumas alternativas, como a África, onde já colocamos volumes interessantes”, afirmou.
Além da África, a BRF vê elevado potencial no mercado chinês. O país abriu o mercado para o frango brasileiro no ano passado e há a expectativa de que este ano sejam autorizadas as importações de suínos do Brasil. “Já exportamos volumes importantes e regulares (de frango) para a China. Há um market share importante da BRF neste mercado”, disse. Hoje, a China responde por aproximadamente 3% das exportações de frango da BRF. Em 2011, segundo o executivo, esse porcentual pode chegar a 10%. “No futuro, podemos pensar em ter distribuição própria no mercado chinês”, revelou.
Já o Oriente Médio, que em 2009 foi o mercado de desova das exportações brasileiras e norte-americanas, diante da forte retração na demanda verificada em países desenvolvidos, a BRF enfrenta dificuldades para aumentar preços neste início de ano. “Houve uma super oferta na região e o aumento de preço, em dólares, é muito modesto neste momento”, afirmou.
Na Europa, conforme Tony, a demanda começa a retornar a “níveis normais”, permitindo modestos ajustes de preços especialmente no comércio de peito de frango salgado e peito de peru.
Em 2009, a Europa respondeu por 25,2% das exportações da BRF (o dado considera 12 meses de vendas externas de Perdigão e seis meses de Sadia). O Oriente Médio foi o principal destino dos produtos da BRF no exterior, respondendo por 32,7% do total. O Extremo Oriente teve participação de 16,7% e a Eurásia, por 9,4%. O grupo formado por outros países, incluindo África e Américas, ficou com 16%.
Entre 1995 e 2008, o comércio internacional de carnes cresceu a uma taxa de 4,5% ao ano, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). Entre 2008 e 2010, o órgão prevê uma queda de 4,4% ao ano.