O volume de recursos liberados no primeiro semestre deste ano pelo Banco do Brasil em Mato Grosso – safra 10/11 – já chega a R$ 2,124 bilhões, ultrapassando em 18% o montante das liberações em igual período do ano passado, R$ 1,80 bilhão. As liberações deste ano – que contemplam custeio, investimentos e comercialização para a agricultura empresarial (grandes produtores) e familiar (pequenos produtores) – já superam as previsões iniciais do BB para a atual temporada, estimadas em R$ 2 bilhões.
Os recursos destinados ao custeio da safra – preparo da terra e aquisições de insumos para plantio – somam a maior fatia de liberações para a próxima safra, num montante de R$ 1,32 bilhão. Em relação ao primeiro semestre de 2009, com R$ 1,16 bilhão liberados, o acréscimo foi de 13,79%. (Veja quadro ao lado)
Já as liberações para investimentos – compra de maquinários e tecnologia – totalizam R$ 494 milhões, volume muito parecido com os do ano passado, R$ 491 milhões, o que representa um incremento de apenas 0,06% entre os dois primeiros semestres de 2009 contra 2010.
O maior incremento este ano, em percentual, coube à área de comercialização, com montante liberado de R$ 310 milhões, 108,05% a mais na comparação com os R$ 149 milhões liberados no período de janeiro a junho do ano passado.
Este ano, o Plano Agrícola e Pecuário (PAP) para a safra 10/11, disponibilizará R$ 41,80 bilhões para operações de crédito rural na nova temporada em todo o país. O montante representa acréscimo de 21% em relação ao volume liberado no ano passado, R$ 33,02 bilhões. Entre as principais novidades do PAP 10/11 está a ampliação do limite de empréstimo para o produtor de soja, que teve um reajuste de 30%, passando de R$ 500 mil para R$ 650 mil.
De acordo com a Superintendência de Varejo e Governo do Banco do Brasil em Mato Grosso, os recursos estão disponíveis nas 96 agências da instituição no Estado e os produtores podem procurar o gerente para solicitar o crédito. Os gerentes estão orientados a conversar e ouvir os produtores para possíveis renegociações. Cada caso será analisado individualmente, mas as operações serão aprovadas de acordo com as regras da instituição.
Produtor – Na opinião do diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT)), Carlos Fávaro, o valor liberado até agora pelo Banco do Brasil “representa muito pouco diante das necessidades de crédito dos produtores mato-grossenses”.
Ele disse que a grande fonte de financiamento continua sendo as multinacionais e revendas de produtores agropecuários, que respondem por mais de 70% do montante liberado para o setor agrícola. Segundo Fávaro, os produtores têm interesse nos recursos oficiais, mas reclamou das dificuldades de acesso ao crédito. “Pouquíssimos produtores conseguem ter acesso a este dinheiro em Mato Grosso. Precisamos melhorar as condições para que um universo maior de agricultores possam usufruir destes recursos”.
Fávaro lembrou que o produtor está com problemas de endividamento e inadimplência “e, por descaso [do governo federal] de não fazer as negociações, fica impossibilitado de tomar os recursos oficiais. O dinheiro fica sempre disponível no banco, mas o produtor é obrigado a financiar a safra com trading e revendas. Na minha avaliação, o dinheiro oficial só atingiria seus objetivos se o governo fizesse renegociação de acordo com a capacidade de pagamento dos produtores. Por enquanto [o crédito oficial] é uma ilusão”.