Redação (18/07/2008)- O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio permanece em alta. Mas a renda do produtor rural não acompanha a evolução do produto em decorrência dos custos elevados dos insumos e da inflação que corrói a receita do produtor. No primeiro quadrimestre, o aumento foi de 3,83%, puxado pelos preços dos fertilizantes e das rações, segundo dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), divulgados ontem.
Todos os segmentos agrícolas apresentaram crescimento entre janeiro e abril deste ano. Mas o PIB do agronegócio veio a reboque principalmente da produção de insumos, que cresceu 7,7%. "Isso aconteceu pelo impacto do aumento dos fertilizantes. Porém, por outro lado, o preço dos insumos tira a rentabilidade do produtor rural", disse o assessor técnico da CNA, Matheus Zanella.
Diante da elevação dos preços dos insumos, o peso deste segmento na formação do PIB do agronegócio deve saltar de 7%, no ano passado, para 10% este ano, conforme estimou o técnico. O setor de insumos apresenta taxas de crescimento mais fortes do que as dos outros três segmentos.
No caso do PIB da produção primária (agropecuária), que abrange tudo dentro da porteira, cresceu 5,94% no primeiro quadrimestre. O peso deste setor no produto total do agronegócio é de 30%. O valor da produção da agropecuária poderá chegar a R$ 284,9 bilhões em 2008, superando em 29,18% o faturamento de 2007, estima a CNA.
O segmento industrial, que responde por 30% do agronegócio, teve aumento de 1,85% no quadrimestre. É a menor variação entre os segmentos e abaixo da média de todo o agronegócio. O técnico da CNA explicou que o baixo resultado foi influenciado pela indústria de açúcar, que enfrenta um cenário baixista de preço em decorrência de ajustes feitos na atual safra. Apenas no quadrimestre os custos do açúcar caíram 11,7%. Em anos anteriores, os produtores aumentaram muito a produção do item.
Por último, o segmento de distribuição, que representa um terço do agronegócio, registrou alta de 2,92% no período, também abaixo do crescimento global. Apesar do crescimento do produto do agronegócio, os técnicos da CNA argumentam que a renda do produtor permanece "apertada" por conta dos insumos e, mais recentemente, pelo "fenômeno inflacionário".
"Se o governo não reduzir os custos de produção dificilmente haverá aumento de oferta na próxima safra, como afirma para segurar a inflação", disse Zanella. Diante da perspectiva de "rentabilidade apertada", os produtores não demonstram disposição para elevar a produção na safra 2008/09, mesmo com preços agrícolas remuneradores e mais dinheiro na praça. Para tal safra o governo destinou R$ 78 bilhões. "O que motiva o produtor rural a plantar é saber que ele terá lucro com a produção", disse.