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Retomada à vista no mercado de carbono

<p>Estudo recente mostra que o mercado de créditos de carbono movimentou US$ 10 bilhões em 2005 nas principais bolsas do mundo. </p><p></p>

Redação SI (31/05/06)- O mercado internacional de crédito de carbono, que começou a funcionar em 2005, inicia o mês de junho em compasso de espera. Após uma recente e forte queda nos preços, agentes que negociam créditos aguardam as novas metas de redução de emissão de carbono pelos países industrializados para se reposicionar no novo segmento.

Nesse cenário, há oportunidade para o Brasil ampliar sua participação rumo à liderança. Um estudo recente do Banco Mundial aponta que o mercado de créditos de carbono movimentou US$ 10 bilhões em 2005 nas principais bolsas do mundo.

No primeiro trimestre deste ano, o volume de negociações é estimada em US$ 7,5 bilhões – valor que não inclui negociações chamadas “de varejo”, estimadas em US$ 1 bilhão. O Banco Mundial estima que, no ano, este mercado movimentará entre US$ 25 bilhões e US$ 30 bilhões.

Ainda conforme a instituição, o mercado total de créditos de carbono é estimado em 360 milhões de toneladas, das quais 20,95% referem-se a projetos brasileiros já registrados junto à Organização das Nações Unidas (ONU).

“Espera-se que o Brasil seja um país líder no MDL [mecanismos de desenvolvimento limpo], junto com a Índia e a China. A expectativa é que o país ocupe a terceira posição a nível mundial”, afirma Marco Monroy, presidente da MGM International, empresa americana especializada em consultoria e venda de créditos no mercado internacional.

De acordo com Monroy, há boas perspectivas para o Brasil, tendo em vista que o país possui alto potencial para desenvolver novos projetos no setor de energia renovável, aterros sanitários, estações de tratamento de efluentes, resíduos animais, entre outros. O Brasil tem 135 projetos de geração de créditos de carbono, sendo que 43 deles já estão registrados registrados junto à Convenção Quadro das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas (órgão da ONU que coordena os projetos MDL).

Philippe Lisbona, diretor do Stratus Banco de Negócios (especializado na gestão de fundos), aponta como outro fator favorável a expectativa de que a oferta de créditos europeus (European Union Allowances) será menor no futuro. Conforme ficou definido no Protocolo de Kyoto, entre 2008 e 2012, os países signatários do têm que reduzir seus níveis de emissão de gás carbônico em 5% em relação ao patamar de 1990.

Foi a superação dessas metas que fez os preços dos créditos despencarem entre 24 de abril e 12 de maio. No período, a European Union Emissions Trading Scheme (EU ETS), principal bolsa de comercialização dos créditos, registrou queda de até 63% nos preços, saindo de 29,43 euros por tonelada para 10,14 euros no período.

“Os países signatários reduziram 65 milhões de toneladas além da meta. O mercado que estimava precisar comprar projetos de MDL rapidamente se tornou vendedor”, analisa Lisbona. Ele observa que os preços começaram a se recuperar – fecharam ontem a 17,40 euros por tonelada na bolsa de EU ETS.

De acordo com Lisbona, esse reaquecimento ocorre porque os novos potenciais vendedores de créditos não entraram no mercado para vendê-los. “Eles podem usar esse crédito para compensar um aumento da emissão de carbono acima das metas no futuro”, afirmou.

Conforme Lisbona, a maioria dos países aguarda a definição das novas metas de redução das emissões de carbono. Até o fim de junho próximo, a ONU deverá ratificar os planos de distribuição nacional (NAP) dos créditos dos países signatários do protocolo. Para o analista, se as novas metas traçadas forem mais rígidas, os países industrializados não terão condições de reduzir ainda mais suas emissões e, portanto, serão mais compradores.

Para ele, o Brasil também tem condições de crescer em importância nesse mercado. Segundo dados do Banco Mundial, entre 2005 e 2006, a Ásia foi responsável por 32% das negociações de créditos, e a América Latina respondeu por 26% a 28%. O potencial para a oferta de créditos está concentrada em um punhado de localidades, predominantemente localizados na Ásia (China, Índia e Coréia do Sul) e América Latina (Brasil e México).