Acabar com o embargo da China à carne bovina brasileira, em vigor desde dezembro de 2012, e reduzir a burocracia para liberação de frigoríficos exportadores que têm interesse em abastecer o mercado chinês. Estes temas poderiam ser abordados pelo presidente da China, Xi Jinping, durante visita oficial ao Brasil, no primeiro semestre de 2014. Ele estará no país para a reunião dos BRICS, grupo dos cinco maiores países emergentes, que reúne, além do Brasil e da China, Índia, Rússia e África do Sul. As sugestões foram apresentadas pela presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, ao embaixador da China no Brasil, Li Jinzhang.
Em reunião na sede da CNA, em Brasília, a senadora Kátia Abreu explicou ao embaixador que a carne bovina produzida no Brasil é segura e por isso não há justificativa para a manutenção da restrição comercial. “A OIE (Organização Mundial da Saúde Animal) informou que não há risco de vaca louca no país”, afirmou ela, referindo-se ao organismo internacional responsável por questões de sanidade animal. “Vários países já entenderam que houve um grande engano e retomaram as importações, menos a China”, afirmou. O embargo foi imposto em função do registro de um caso do mal da vaca louca, descoberto em 2010, no Paraná. O tema foi discutido com autoridades da Administração de Inspeção de Qualidade e Quarentena da China (AQSIQ), durante missão da CNA à China, há três semanas.
Ainda quanto ao mercado de carnes, a CNA sugere a assinatura de um protocolo entre os dois países para simplificar a habilitação de novos frigoríficos exportadores, especialmente os de médio porte. Nove plantas do Brasil têm autorização para vender carne bovina para a China continental, enquanto a Argentina tem 18 frigoríficos habilitados e o Uruguai, 22. “Quanto maior o número de empresas fornecedoras, melhor para os chineses”, afirmou. Citando a decisão de o governo de Xi Jinping de estimular o consumo interno, explicou que “o Brasil precisa estar preparado para vender carne para os chineses”.
A presidente da CNA embarcará nesta sexta-feira para Pequim, acompanhando um empresário do ramo de churrascarias que tem interesse em instalar unidades na China. Em janeiro, outro grupo de uma rede de 200 restaurantes também estará na China, avaliando as perspectivas do mercado local. Também há interesse em instalar uma rede de cafeterias brasileiras, o que depende, além de acordos de cooperação, da redução das tarifas impostas por Pequim para importação de café do Brasil. As alíquotas oscilam entre 8% para o grão verde, 15% para o torrado e 34% para o solúvel.
Os investimentos da China em infraestrutura e logística também devem ser discutidos, segundo a presidente da CNA. “A China é especialista em hidrovias, o que torna essencial a cooperação entre os dois países”, afirmou.