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China

Riscos e vitórias na relação com a China

Não é fácil negociar com um gigante que tem nas costas mais de 5 mil anos de comércio. Brasil deve ficar atento.

Riscos e vitórias na relação com a China

Não é fácil negociar com um gigante que tem nas costas mais de 5 mil anos de comércio. Ontem, enquanto o Ministério da Agricultura comemorava os resultados obtidos pela missão liderada pela presidente Dilma Rousseff à China, o CNGOIC, centro nacional de informações de grãos e oleaginosas do país asiático, confirmava o cancelamento das compras de seis a oito carregamentos de soja em grão da América do Sul. Além disso, os chineses postergaram o recebimento de outros 20 carregamentos.

Tais movimentos ajudaram a provocar a queda da commodity ontem na bolsa de Chicago, principal referência global para os preços dos principais grãos. Os contratos com vencimento em julho fecharam a US$ 13,54 por bushel, em baixa de 1,75 centavo. É verdade que, em grande medida graças ao apetite chinês, o patamar de negociações segue elevado – a valorização em 12 meses é superior a 37%, conforme cálculos do Valor Data. Mas também é verdade que não é a primeira vez nas últimas semanas que os chineses devolvem cargas quando os preços se aproximam de US$ 14 por bushel.

Em parte, os cancelamentos e adiamentos decorreram da expectativa de que Pequim libere um montante grande, da ordem de 3 milhões de toneladas, de reservas estatais da oleaginosa a baixos preços para combater a inflação. Segundo o CNGOIC, novos adiamentos poderão acontecer caso as margens de processamento do grão para a produção de farelo e óleo sigam negativas no curto prazo. A China é o maior país importador de soja do mundo; o Brasil, o segundo maior exportador, atrás apenas dos EUA.

Independentemente desses percalços mercadológicos e de táticas chinesas nem sempre encaradas com normalidade, o Ministério da Agricultura brasileiro – que no passado já teve que driblar a devolução de cargas brasileiras de soja por acusações de contaminação – elencou ontem aquelas que considerou as principais vitórias do setor na recente viagem encabeçada por Dilma. Além dos três frigoríficos de carne suína brasileiros que foram habilitados a exportar para aquele país, cujos nomes ainda não foram divulgados, 25 estabelecimentos de carne de frango e cinco de carne bovina também receberam sinais de que poderão receber a habilitação.

Além disso, os dois países acertaram o modelo de certificação sanitária para a exportação de gelatina, a venda de própolis brasileira com fins alimentares foi autorizada, os chineses deram sinais de que poderão importar tabaco também de Alagoas e Bahia – além do Rio Grande do Sul, de onde já compram – e que também poderão comprar mais milho. Brasília tenta abrir o mercado chinês para lácteos e sêmen e embriões bovinos, e as negociações sobre citros avançaram.