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Economia

Ritmo de crescimento será menor a partir do 2º semestre

País continuará crescendo e deve chegar ao fim do ano em torno de 7%, aponta boletim da Focus.

É a primeira vez, em 18 semanas, que a projeção para a inflação deste ano fica no mesmo número. Segundo o boletim Focus, do BC, a previsão para o IPCA está em 5,67%. Eu conversei com o professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, sobre isso. Ele falou que a inflação, neste primeiro quadrimestre, foi muito forte mesmo e que, mesmo havendo desaceleração nos próximos meses, o País terá algo entre 5,5%, 6% de inflação no ano. Ou seja, fica acima do centro da meta, mas dentro da banda de flutuação.

Ele disse que nos primeiros quatro meses do ano, a grande vilã foi a alimentação – dos quase 3 pp acumulados nesse período, esse item representou algo como 1,2 p.p, quatro vezes mais que a contribuição da educação e do transporte.

Os preços dos alimentos sobem e descem mais facilmente. O economista contou que esse foi o caso do feijão que se come em São Paulo que, por causa da quebra de safra, subiu fortemente. No IPCA de abril, chegou a registrar 43% de aumento no mês. No IPCA-15, já teve queda de 32%. Esse item é preocupante, porque bate no bolso de quem tem menos, mas ao mesmo tempo, uma boa safra já melhora o quadro.

As commodities também subiram muito nesse começo de ano, mas ele acha que vão desacelerar, por causa da China. Ele diz que os sinais que podem vir no futuro de desaceleração do ritmo da inflação podem fazer com que não haja muito aumento da taxa de juros. Ainda assim, ele diz que ao longo de todo esse processo, serão 3 pontos percentuais deste ano para o próximo. Maior do que isso não, em parte por uma má notícia. A crise na Europa vai produzir redução do crescimento mundial e vamos exportar menos produtos para lá, como frango, aumentando o excedente interno.

A inflação está pressionada, o país cresceu muito no primeiro trimestre, só que há esses atenuantes. O alimento foi o grande causador, mas pode reverter mais facilmente do que outros. O setor de serviços também produziu aumento, ainda que não tenha grande peso na formação do índice – está com uma inflação de quase 7% no acumulado dos 12 meses.

Não sabemos ainda quanto crescemos no primeiro trimestre. Muita gente fala em 3% na comparação com o último do ano passado, o que daria uma taxa anualizada de quase 12%. Outros dizem que seria um pouco menos. De qualquer maneira, é uma taxa muito forte. Tem gente achando que nesse período o Brasil foi o segundo que mais cresceu no mundo, depois da Índia.

Mas o que todos estão dizendo é que, a partir do segundo trimestre, o ritmo vai ser bem menor. O país continuará crescendo, chegará ao fim do ano em torno de 7%, o que é extraordinário, mas o ritmo não será igual ao dos três primeiros meses, porque o risco de inflação seria muito maior. Vamos ver os próximos indicadores que ajudam a antecipar o dado do PIB.