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"Rodada de Doha ainda pode ser salva", diz comissário da UE

<p>Segundo ele, a Europa pode oferecer uma liberalização se o governo dos Estados Unidos se comprometer a reduzir seus subsídios.</p><p></p>

Redação (01/08/06)- O comissário de Comércio da União Européia (UE), Peter Mandelson, alertou que os 25 países do bloco europeu ainda não chegaram a um consenso sobre uma redução de tarifas de importação de bens agrícolas pedida pelos demais governos na Organização Mundial do Comércio (OMC). Mesmo assim, ele acredita que a Rodada Doha ainda pode ser “salva” e que a Europa pode oferecer uma liberalização se o governo dos Estados Unidos se comprometer a reduzir seus subsídios.

Um primeiro encontro pode ocorrer entre ministros da OMC em setembro, na Austrália. Na semana passada, a OMC suspendeu cinco anos de negociações depois que Brasil, Estados Unidos, Europa, Índia, Japão e Austrália não chegaram a um acordo. Em artigo publicado ontem no Financial Times, o representante europeu alertou que a Rodada “está perdendo a corrida contra o tempo”.

Os americanos se recusaram a apresentar uma nova proposta de corte de subsídios. Por ano, destinam US$ 22 bilhões e poderiam reduzir o volume para US$ 18,5 bilhões. Mas os europeus condicionam uma queda em suas barreiras a um maior corte de subsídios nos EUA.

Mandelson admite que alguns países europeus gostariam de promover uma reforma maior e uma liberalização mais profunda da agricultura. Mas, segundo ele, não há “consenso político” sobre isso. A França, por exemplo, já demonstrou que é contrária a qualquer nova abertura.

Mesmo assim, Mandelson acha que as diferenças “não são irreconciliáveis”. Tudo dependeria dos Estados Unidos que, segundo o europeu, não iniciaram a reforma de sua agricultura. Ele disse que o corte de subsídios nos Estados Unidos também seria difícil politicamente diante das eleições parlamentares em Novembro. “Mas não é algo impossível”, afirmou.

“O presidente George W. Bush sabe que a morte da Rodada Doha será celebrada pelas pessoas erradas. O fracasso de Doha fortaleceria aqueles que querem virar as costas à globalização e incrementar o protecionismo.” Bush e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, tomaram a decisão, sexta-feira, de fazer “um esforço final” para salvar a rodada e esperam que as negociações sejam retomadas nas próximas semanas.