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Rodada Doha fracassa depois de sete anos de negociações

<p>O processo que tinha como objetivo corrigir as regras do comércio mundial e dar novo impulso à economia internacional desabou.</p>

Redação (30/07/2008)- Foram sete anos de negociações, inúmeros encontros, protestos no mundo todo e centenas de ligações entre presidentes. Mas a Organização Mundial do Comércio (OMC) acabou mesmo fracassando em chegar a um acordo na Rodada Doha.

O processo que tinha como objetivo corrigir as regras do comércio mundial e dar novo impulso à economia internacional desabou ante os conflitos entre Índia e Estados Unidos, que não aceitaram um pacote de liberalização.

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, confirmou ontem, diante dos 153 países-membros da instituição, que as negociações da Rodada do Desenvolvimento de Doha fracassaram. “Este encontro fracassou”, foram as primeiras palavras de Lamy na coletiva de imprensa que resumiu os nove dias de negociação em Genebra.

“Eu esperava chegar com boas notícias. Eu esperava falar que as tarifas européias haviam sido cortadas, que os subsídios haviam sido removidos. Tudo estava certo para um pacote final. Mas algumas partes importantes faltaram. O que deixaram escapar por seus dedos foi um pacote de US$ 113 bilhões”, disse o diretor-geral da OMC, referindo-se ao volume de comércio exterior esperado com a liberalização que seria obtida pelo acordo.

Pascal Lamy confirmou que os países não conseguiram resolver os impasses sobre a redução dos subsídios agrícolas e das tarifas de importação de produtos industrializados.

Culpados
Ele afirmou, no entanto, que entre 80% e 85% das negociações haviam sido concluídas antes do colapso. Falando à imprensa, o diretor da OMC se recusou a apontar culpados pelo fracasso. Ele não quis determinar uma data para a retomada das conversas para a liberalização do comércio internacional.

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que, com o colapso das discussões, pode levar até três ou quatro anos para que as negociações para a liberalização dos mercados sejam retomadas.

Ao sair da seda de OMC, a representante americana Susan Schwab, com o rosto expressando decepção, disse: “Estávamos tão perto (de um acordo) na sexta-feira.” Ela afirmou que os EUA manterão sobre a mesa as ofertas feitas durante as negociações dos últimos dias. O ministro de Comércio da Nova Zelândia também lamentou o fiasco, confirmando que a negociação havia acabado.

Desta vez, Índia e China entraram em rota de colisão com exportadores de alimentos a respeito de garantias para impedir a entrada em massa de comida importada, enquanto continuam a persistir as divergências sobre outras partes fundamentais do acordo.

O Brasil tentou até o último minuto mediar uma solução, mas não conseguiu convencer os parceiros a aderir ao pacote e um acordo agora poderá ser retomado, na melhor das hipóteses, em 2010. Os americanos recusaram-se a fazer concessões. Para os demais ministros, faltou vontade política, sobretudo de Washington, Nova Délhi e, de certa forma, de Pequim.