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Rodrigues defende retomada da política de preços mínimos

<p>Medida funciona como um instrumento de proteção do setor contra uma possível recessão global em 2010.</p>

Redação (26/11/2008)-  O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues defendeu hoje (25) a retomada da política de preços mínimos (PGPM) pelo governo federal como um instrumento de proteção do setor contra uma possível recessão global em 2010, provocada pela crise financeira internacional.

Segundo Rodrigues, com o recálculo imediato da política de preços mínimos, levando-se em conta os custos de produção, que subiram muito nos últimos anos, os bancos perderiam o medo de conceder crédito, porque isso reduziria o risco de inadimplência mais à frente. Além disso, o produtor “sai da aventura e vai para uma posição mais consistente”, disse o ex-ministro, ao participar do 10º Congresso de Agribusiness da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

Rodrigues disse que a segunda medida seria uma injeção de dinheiro no Orçamento, por intermédio do Tesouro Nacional, para que o governo possa superar a crise de maneira adequada. “Isso é imediato, é coisa emergencial. Tem que fazer já”.

Do lado estrutural ou estratégico, ele destacou a necessidade de uma "reforma profunda no crédito rural", que “garanta a renda do produtor rural com seguro funcionando”. As mudanças estão sendo discutidas com o Banco do Brasil.

No entanto, “para que a crise eventual da agricultura não afete o Brasil em 2010, o preço mínimo é suficiente”, destacou o ex-ministro. Para ele, o importante é que esse preço mínimo “seja verdadeiro e não uma coisa política”.A PGPM abrange, basicamente, os produtos que compõem a cesta básica.

De acordo com Rodrigues, não há nenhuma expectativa de redução da demanda por alimentos no mundo, e os preços não devem cair mais até a colheita do próximo ano. Entretanto, se a crise internacional se transformar em recessão global, advertiu o ex-ministro, acabará prejudicando os países emergentes, sobretudo na produção industrial destinada à exportação para os países ricos. Nesse cenário, com o desemprego crescendo nos países em desenvolvimento, é que haveria redução da demanda por alimentos e queda nos preços.

Ele disse que, se os preços caírem, mas o dólar continuar valorizado como está hoje, a agricultura não sofrerá muito, porque existe compensação. Porém, se os preços caírem, e o dólar também se desvalorizar, “será o inferno tenebroso para a agricultura brasileira no ano que vem, porque os produtores vão ficar sem capacidade financeira para plantar uma safra adequada em 2009”.

O ex-ministro teme que o quadro se agrave caso se confirme a intenção dos países ricos de diminuir a área plantada no ano que vem. Com isso, a oferta do Hemisfério Norte seria menor do que a deste ano. E, se a safra dos países emergentes também for pequena, haverá em 2010 um problema sério de oferta de alimentos em relação à demanda mundial, o que poderá provocar inflação, inclusive no Brasil, reduzindo os excedentes exportáveis e criando uma redução do superávit, eventualmente um déficit comercial, acrescentou.

De acordo com Rodrigues, também poderá haver um problema interno de demanda por importação de produtos agrícolas, o que não tem ocorrido no país. “E isso é ruim para a agricultura do Brasil.” Para ele, a agricultura brasileira alcançou dimensões tão expressivas que o país pode liderar um projeto mundial não apenas na área dos biocombustíveis: “Podemos liderar um programa que mude a geopolítica global.”